Sérgio Conceição deve ficar ou sair do FC Porto? O treinador tem contrato, mas ficou do lado oposto ao de Villas-Boas, no final da pior de todas as épocas que cumpriu no Dragão. Haverá por isso clima para permanecer, ou só resta às duas partes o divórcio.
Sérgio Pereira e Bruno Andrade, jornalistas do Maisfutebol, têm opiniões diferentes e trocam argumentos, nesta discussão em que o leitor também pode participar. Vote na nossa sondagem e faça-se ouvir.
TRÊS RAZÕES PARA FICAR, por Sérgio Pereira
1. Conceição e Villas-Boas têm algo em comum: ambos amam o FC Porto
Sim, Conceição apoiou Pinto da Costa. Sim, Conceição defende um absolutismo que é contrário às ideias de Villas-Boas. E sim, Conceição está zangado com Jorge Costa. Mas será que os três não podem sentar-se, conversar e procurar um entendimento, em nome de um bem superior chamado FC Porto? Afinal de contas, os três amam o clube. Podem ser adultos, fazer cedências de parte a parte e encontrar uma plataforma de trabalho em conjunto. Até porque Conceição arrasta um bocadinho daquela mentalidade do FC Porto antigo que vai ser útil a Villas-Boas em certos momentos desta nova era, cheia de incertezas e desconfianças.
2. Não há melhor treinador para o FC Porto
Sérgio Conceição respira Porto por todos os poros. Adora o clube e o clube adora-o. Os adeptos, aliás, adoram-no. Além disso é profissional, é ambicioso, não sabe perder e percebe muito de futebol, como ainda se viu no último clássico. Ele é o treinador certo, no lugar certo. Para quê, portanto, mandá-lo embora e arriscar trocar o certo pelo incerto?
3. O exemplo de Ruben Amorim
Sérgio Conceição está a fazer o pior campeonato desde que chegou ao FC Porto. Bateu no fundo, pensar-se-á. Sim, é possível, mas essa pode ser uma boa notícia. Basta ver o exemplo de Ruben Amorim: fez a pior época no Sporting, acabou em quarto e em cima dos erros cometidos construiu uma equipa que se prepara para ser campeã. Porquê? Porque percebeu onde tinha falhado e deram-lhe estabilidade para fazer melhor.
TRÊS RAZÕES PARA SAIR, por Bruno Andrade
1. Clima hostil
Não vejo mesmo nada de errado no facto de ser amigo e aliado público de Pinto de Costa. O problema aqui é essencialmente a forma como conduziu a renovação do contrato na véspera das eleições. E vai muito além da contradição em si. Errou muito ao aceitar ser um trunfo eleitoral e, com isso, deitou por água abaixo qualquer possibilidade de vir a ter uma relação saudável e de confiança com André Villas-Boas.
2. Desgaste
Já são sete temporadas ao serviço do FC Porto, onde, justiça seja feita, ganhou mais do que perdeu. Na verdade, já devia ter saído ainda antes da última renovação. Teria saído mesmo por cima. Valorizado. Permanecer no Dragão é querer bater de frente com a oposição - sim, acredito mesmo que boa parte dos 80 por cento de sócios que foi contra Pinto da Costa nas eleições também já não quer Sérgio Conceição no clube.
3. Passo em frente
Ganhou tudo em Portugal. Fez trabalhos maravilhosos, muitas vezes com poucos recursos e, pelo caminho, tendo de lutar contra um Benfica multimilionário. Fez grandes participações na Liga dos Campeões. Chegou a hora, portanto, de dar um passo em frente na carreira e experimentar um novo campeonato. Um novo clube. Uma nova realidade. Para se afirmar de vez como um dos principais técnicos portugueses nas últimas décadas.