Ao dia de hoje, o Portugal Open 2015 não vai realizar-se. João Lagos anunciou nesta terça-feira que não vai organizar o torneio português que faz parte do ATP Tour. A única prova de ténis de nível internacional realizada em Portugal – entre os torneios ATP 250 do circuito – fecha um ciclo de uma vida de 25 anos sempre com a organização do empresário português desde a sua criação.

«Havia prometido há poucas semanas que a emoção não se iria sobrepor à razão na hora de assumir a organização do Portugal Open 2015. E, infelizmente, foi com infinita tristeza que me vi forçado a comunicar ao ATP que não reuni as condições de poder assumir a organização do próximo Open», revelou João Lagos num comunicado.

O torneio criado por Lagos em 1990 com o nome de Estoril Open vinha lutando anualmente pela sobrevivência desde os últimos anos, a par com as tentativas de ter um espaço próprio no concelho de Oeiras para o torneio realizado no Jamor. O já Portugal Open desde 2013 voltou a estar na iminência de não se realizar na edição das bodas de prata do ano passado. A edição de 2014 só ficou confirmada um mês antes.

Em outubro deste mesmo ano, a organização já havia anunciado que o torneio feminino deixaria o circuito WTA por uma «decisão estratégica» de «concentrar todos os recursos» na prova masculina. Não chegou. E, como foi comunicado, o Portugal Open 2015 não tem condições para se manter no calendário ATP.

O CEO do ATP Europe, Laurent Delanney, destacou «a longa história do Portugal Open no ATP World Tour», agradecendo a Lagos «todo o contributo para a modalidade do ténis ao longo dos últimos 25 anos». Chegando essa história ao fim sem uma nova vida para o torneio português, a semana entre 27 de abril e 3 de maio de 2015 do calendário ATP ficará reservada para os torneios de Munique e Istambul (em estreia).

Confrontado com esta situação pela agência Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Ténis assumiu a «muita tristeza para o ténis português», mas Vasco Costa frisou que a federação não tem nada a ver com a organização de eventos, nomeadamente com a organização deste evento».

«Obviamente, é o maior evento de ténis que se organiza em Portugal há vários anos. É uma grande perda para o ténis, não só em termos do evento em si, mas também de motivação para as camadas jovens e para os nossos jogadores profissionais», disse Vasco Costa numa das várias reações recolhidas pela Lusa.

João Sousa
«Se o Portugal Open acabar, vai ser obviamente uma grande perda. É o torneio de referência do ténis português. É onde as pessoas que amam a modalidade têm mais oportunidade de ver os melhores jogadores do mundo. Os mais jovens poderem ter essa oportunidade todos estes anos era excelente.»
«Para os jogadores é um torneio excelente. Não só para mim, mas para todos os jogadores que eu conheço. Os jogadores gostam de jogar esse torneio. Obviamente, vai ser uma grande perda e, para mim como português, era uma motivação extra jogar diante dos portugueses e em casa.»


Rui Machado
«A acontecer, é uma pena não só para o ténis, mas também para o desporto português em geral, porque pode perder-se uma das mais importantes competições nacionais. É uma notícia de que não estávamos à espera. Tínhamos conhecimento do fim do torneio feminino, mas que o masculino, que era o mais forte, manter-se-ia. Foi uma surpresa negativa.»
«Era uma semana em que toda a gente via e falava de ténis. Era talvez a única semana em que o ténis era a modalidade principal dos portugueses. Era uma semana de promoção do ténis e, agora, as associações e a federação, que são responsáveis pela dinamização da modalidade, vão ter de ser mais audazes na promoção, para compensar tudo o que era feito numa só semana. Há muitos anos que se dava essa semana como garantida, agora os responsáveis vão ter de pôr mãos à obra para atenuar isso.»


Frederico Gil
«Relativamente a salvar o torneio, não sei exatamente como as coisas funcionam ao nível do ATP e o que está por trás disso, se se pode manter, se outra organização pode começar. Sei sim que, se não se realizar, é uma pena para o ténis português. É uma pena, porque é um evento grande, é espetacular e era importante haver um evento como o Portugal Open, um ATP 250, em Portugal.»

Gastão Elias
«É muito triste isso ter que acontecer. Era um evento muito importante para o ténis português e para os fãs de ténis em Portugal. Tenho pena, porque era um torneio em que sempre joguei bem, principalmente estes últimos dois anos. E era também o meu torneio favorito, por isso, fico bastante triste com a notícia.»

Desde a sua primeira edição que o então Estoril Open se relacionou com tenistas habituados a ganhar os mais importantes torneios do circuito e não apenas os de terra batida, como são os courts do Jamor. O espanhol Emilio Sánchez foi o primeiro vencedor em Portugal e já trazia no currículo Roland Garros e o US Open.

Outros espanhóis, como Juan Carlos Ferrero e Calos Moyà, por exemplo, sempre mostraram a relação estreia dos tenistas do país vizinho com o torneio português. Mas além de vencedores de Majors – já antes (como Juan Martín del Potro) ou depois (como Stan Wawrinka) – o Estoril/Portugal Open também teve números 1 do mundo em título a jogar no Jamor como Thomas Muster.

Os expoentes do palmarés do torneio português não podem se não estar nas vitórias de Novak Djokovic em 2007 e de Roger Federer em 2008 – ambos os casos ilustrando a distancia conseguida entre ter tido jogadores que viriam a campeões ou campeões já consagrados. O sérvio que é o atual nº1 do mundo veio a Portugal com apenas 20 anos e acabado de entrar no Top Ten. O suíço veio já com 27 anos trazendo consigo a liderança do ranking mundial e já 12 titulos do Grand Slam.

Os vencedores do Estoril/Portugal Open:
2014: Carlos Berlocq (Arg)
2013: Stanislas Wawrinka (Sui)
2012: Juan Martin del Potro (Arg)
2011: Juan Martin del Potro (Arg)
2010: Albert Montanes (Esp)
2009: Albert Montanes (Esp.)
2008: Roger Federer (Sui)
2007: Novak Djokovic (Ser)
2006: David Nalbandian (Arg)
2005: Gaston Gaudio (Arg)
2004: Juan Ignacio Chela (Arg)
2003: Nikolay Davydenko (Rus)
2002: David Nalbandian (Arg)
2001: Juan Carlos Ferrero (Esp)
2000: Carlos Moya (Esp)
1999: Albert Costa (Esp)
1998: Alberto Berasategui (Esp)
1997: Alex Corretja (Esp)
1996: Thomas Muster (Aut)
1995: Thomas Muster (Aut)
1994: Carlos Costa (Esp)
1993: Andrei Medvedev (Ucr)
1992: Carlos Costa (Esp)
1991: Sergi Bruguera (Esp)
1990: Emilio Sanchez (Esp)