Momento: o desespero de Capello

Aos 32 minutos, Fabio Capello trocou de lateral direito, já depois de ter prescindido de um avançado para reforçar o meio-campo. Duas alterações em pouco mais de trinta minutos não são vulgares num jogo de futebol, mas a verdade é que Portugal já tinha marcado um golo e ameaçava um segundo, com uma equipa russa completamente aos papeis, sem conseguir sair a jogar. Portugal pressionava forte no meio-campo russo, ganhava quase todas as bolas e chegava com facilidade até à linha de fundo, quase sempre pela esquerda, pelos pés de Ronaldo. Com as duas alterações, o treinador italiano conseguiu equilibrar a sua equipa até ao intervalo.

Confira a FICHA DO JOGO

A figura: Moutinho imparável

É o motor desta seleção. Quase todas as transições passam pelos seus pés, vai a todas as bolas e nunca dá uma por perdida. Sempre com os olhos na bola, gosta de a ver por perto, por isso não fica à espera e vai ao seu encontro, mesmo que esteja nos pés de um adversário. Andou nisto o jogo todo, a roubar bolas aos russos para a por a jogar a favor de Portugal. E sempre com a mesma intensidade, do primeiro ao último minuto. Só não corre atrás da bola quando esta está na posse de uma dos seus companheiros. Neste caso, é o primeiro a abrir uma linha de passe e a desmarcar-se para a voltar a ver de perto.

Outros destaques:

Hélder Postiga

Continua a ser um incompreendido nesta seleção, mas a verdade é que quase metade dos golos de Portugal nesta fase de qualificação têm a sua assinatura. Esta noite marcou o quinto à «matador», surgindo de rompante na área para encostar a bota à bola cruzada por Miguel Veloso. Depois foi atingido na cabeça e andou meio perdido em campo, até receber assistência para fazer o resto do jogo com uma rede na cabeça. Cedeu o lugar a Nani na segunda parte.

Miguel Veloso

As bolas paradas já são uma das imagens de marca deste médio que se foi impondo devagarinho na seleção e já é uma das pedras incontornáveis do onze de Paulo Bento. O destaque vai para o lance do golo, num livre, em que cruzou tenso e em arco para o segundo poste, mas não se ficou por aqui. Quando a equipa sobre, posiciona-se junto à entrada da área, à espera de uma sobra para encher o pé. Só lhe falta melhorar a pontaria para conseguir melhores resultados neste capítulo, porque o instinto para a oportunidade já tem.

Neto

Paulo Bento apostou no central do Zenit e ganhou a aposta. O jovem defesa correspondeu com uma exibição em cheio, destacando-se na primeira parte com três cortes decisivos que anularam outros tantos ataques a Rússia. Já na segunda parte, foi brindado com uma chuva de aplausos depois de ter ido à linha roubar uma bola a Kombarov que vinha embalado no corredor. O Pepe que se cuide...

Vieirinha

Outra boa surpresa no onze de Paulo Bento. Nani não estava nas melhores condições e o selecionador lançou o extremo do Wolfsburgo para o lado direito do ataque. Não fez uma exibição de encher o olho, mas encaixou que nem uma luva no tridente ofensivo, ajudando Portugal a manter uma pressão intensa sobre a defesa russa.

Cristiano Ronaldo

Não foi das melhores exibições do capitão da seleção. Trabalhou quase sempre em prol da equipa, mas sempre que vislumbrou uma abertura para a baliza de Akinfeev não hesitou e disparou. Atirou sempre forte, mas também sempre à figura do guarda-redes russo. A verdade é que só marca quem tenta e Ronaldo fartou-se de tentar. Esteve muito perto de marcar no final do jogo, com um remate cruzado, mas Akinfeev desviou com a ponta dos dedos.

Vladimir Bystrov

O mais irreverente dos jogadores russos que passou a noite à «cabeçada» com Fábio Coentrão num dos duelos mais quentes da noite.