O preço do crude já subiu mais de 48 por cento desde Janeiro, com a cotação fixada nos 65 dólares por barril, mas registando uma recuperação muito próxima de 100 por cento desde os mínimos de Fevereiro, de acordo com as contas da agência Lusa.

Há cerca de um ano atrás, o «ouro negro» ameaçava a barreira dos 150 dólares por barril, mas acabou 2008 a perder 70 por cento a 44,6 dólares. Hoje, 12 meses depois, está cotado nos 65,7 dólares em Nova Iorque, depois de ter estado a valer apenas 33,9 dólares nos mínimos de 12 de Fevereiro e 72,7 dólares nos máximos de 11 de Junho.

A forte crise económica que se estendeu a todo o mundo, sobretudo ao longo do último ano, arrefeceu, e muito, a procura pela matéria-prima mais transaccionada do planeta.

A saída de muitos especuladores do mercado depois do início da crise financeira também ditou um forte alívio sobre a cotação do «ouro negro», mas os primeiros sinais de desanuviamento da pressão provocada pela extensão da crise sobre a economia real estão a suportar a forte recuperação que se regista.

A Agência Internacional de Energia (AIE), atenta à situação, estimou já que 2009 deverá ser marcado por uma quebra de 3 por cento na procura global de petróleo, naquela que poderá ser a maior descida desde 1981.

O regresso dos optimismos aos mercados - que conseguem bons desempenhos nos primeiros seis meses do ano - é a explicação avançada pela AIE para a valorização do crude, ainda que a agência tenha referido que a subida da cotação nos últimos meses «não se traduziu em sinais de recuperação da procura no mercado petrolífero» e que «os fundamentais do sector continuam fracos».

De acordo com o painel de 33 analistas contactados pela agência de informação financeira Bloomberg, os preços do petróleo deverão ser negociados a uma média de 63 dólares no último trimestre do ano, um valor muito próximo do actual (65,7 dólares).

Por seu turno, os peritos do banco de investimento Morgan Stanley apostam que o barril de crude negociado em Nova Iorque (WTI) atinja um preço médio de 35 dólares em 2009, 55 dólares em 2010 e de 85 dólares em 2011.

«O petróleo só deverá regressar ao patamar dos três dígitos quando a economia recuperar e a oferta mundial de crude diminuir», referem os analistas do Morgan Stanley, acrescentando que «não é provável que isso aconteça antes de 2011».