«A ciência, o pensamento económico de que dispomos, é altamente responsável por ter produzido a crise em que vivemos. Há uma responsabilidade do pensamento económico, do conhecimento técnico e dos economistas na crise. Temos que reflectir, pensar e criar uma alternativa à ciência económica dominante», considerou, em declarações à agência Lusa, o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FUEC).
A análise da responsabilidade do pensamento económico e do conhecimento técnico dos economistas na crise e de uma posição alternativa a esta, em que a economia «não se limite a ser a ciência dos mercados», foram questões em debate no seminário «A Economia e o Económico», que terminou no Centro de Estudos Sociais (CES) da UC.
«A economia enquanto ciência tem de alargar o seu objecto: tem de estudar também as formas concretas como as pessoas e a produção se organizam, que factores culturais, sociais e políticos intervêm», sustentou o antigo secretário de Estado do Ensino Superior à margem do seminário.
Na perspectiva do investigador do CES, «a economia enquanto ciência tem muita matéria de que se ocupar e pode fazer melhor do que a ciência económica dominante».
«Deve preocupar-se com os próprios fins da riqueza, com a forma como as pessoas vivem e alcançam o bem-estar», sublinhou José Reis.
Crítica às universidades
De acordo com o catedrático da FEUC, que proferiu este sábado a conferência de encerramento do seminário, nos trabalhos foi também levada a cabo «uma reflexão crítica» sobre a ciência económica e o ensino.
«Na maioria das faculdades de Economia continua a ensinar-se Economia como se nada se tivesse passado nos últimos meses», criticou.
Frisando que «a crise será longa, seguramente de anos», José Reis considerou que, actualmente, «é absolutamente crucial o investimento público em infra-estruturas e modernização».
O seminário foi organizado pelo Núcleo de Estudos sobre Governação e Instituições da Economia do CES e do Programa de Doutoramento em Governação, Conhecimento e Inovação CES/FEUC.
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