Barack Obama deverá anunciar o encerramento de Guantanamo logo após tomar posse como presidente, terça-feira, mas, se isso indicará um virar de página na política externa norte-americana, é um dado adquirido que vai ser a questão económica a definir a sua presidência.

O apoio que lhe é dado agora pela grande maioria dos norte-americanos poderá rapidamente desvanecer-se se nos próximos meses não houver um sinal claro de firmeza e de que a economia irá eventualmente sair da sua mais profunda crise desde a grande depressão dos anos 1930, avança a Lusa.

Por isso, nas proximas três semanas, Obama deverá iniciar uma nova «campanha» com entrevistas, discursos, conferências de imprensa e algumas viagens para procurar apoio junto do público para o seu programa de relançamento da economia.

O objectivo é pressionar o Congresso a agir rápidamente e espera-se que este entregue a Obama, já no próximo mês, um programa de 825 mil milhões de dólares.

O plano será um dos maiores gastos do governo na história dos Estados Unidos e corresponderá a cerca de três por cento do Produto Interno Bruto em dois anos. É superior em 125 mil milhões de dólares ao pacote de resgate aprovado para a indústria financeira.

Programa mais ambicioso

Este será também o pacote mais ambicioso desde o programa de Franklin Roosevelt para combater a Grande Depressão. O programa prevê gastos do governo federal de 550 mil milhões de dólares e reduções de impostos avaliadas em 275 mil milhões ao longo dos próximos dois anos.

O programa, na fase final de negociações, prevê gastos do governo em energia, educação, saúde e construção de auto-estradas. Assim, algumas das propostas para este plano prevêem gastos de 32 mil milhões de dólares para melhorar o sistema de distribuição eléctrica no país e mais de 20 mil milhões de dólares em reduções de impostos para promover o desenvolvimento de combustíveis ¿alternativos¿.

Governos estatais com liberdade para escolher investimentos

Uma grande parte dos fundos será dada directamente aos Estados para serem gastos em determinadas áreas, mas dando aos governos estaduais liberdade para escolher os seus detalhes.

Obama espera poder garantir apoio bipartidário para o seu plano e uma derrota no Congresso é altamente improvàvel. Os Democratas ¿ ainda que alguns possam não concordar com todos os aspectos do plano ¿ dar-lhe-ão o apoio necessário, sabendo que aprovação de um plano nos 100 primeiro dias da presidência é necessária para marcar pelo menos o seu primeiro ano presidencial.

Contudo, sabe-se que alguns congressistas Democratas de carácter mais conservador têm manifestado preocupação em que a aprovação «apressada» de um plano de tal magnitude leve à deterioração da disciplina fiscal, fazendo notar os aumentos extraordinários dos deficits que se prevêem.

Para colmatar esses receios, Obama deverá convocar para Fevereiro uma «cimeira nacional sobre a responsabilidade fiscal» para discutir questões como o financiamento dos programas de cuidados médicos para a terceira idade (o programa Medicare) e da Segurança Social (o programa governamental de reformas).