O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), Jorge Rocha de Matos, não subscreve as declarações do ex-ministro das Finanças, Campos e Cunha, segundo as quais a crise financeira internacional deveria levar à suspensão de algumas das obras públicas planeadas em Portugal.

Para o comendador, Portugal tem de se esforçar por combater a crise, mas sem «deixar de desenvolver e modernizar o país».

«Nos temos um país para desenvolver, temos uma competitividade que tem que ser dada às nossas empresas e grande parte dela vem do exterior e não do interior dessas empresas. Tem a ver com as infra-estruturas que são postas à sua disposição, estradas, ferrovias, aeroportos, zonas logísticas, portos, etc.», defendeu, à margem da assinatura de um contrato com o Governo.

Para Rocha de Matos, é possível continuar a desenvolver o País sem comprometer as contas públicas. Por exemplo, através da atribuição de concessões a parceiros estrangeiros.

«Temos de ter engenho e arte suficientes para encontrar fórmulas de financiar muitos desses projectos sem que isso venha a afectar a nossa dívida global e não tenha impactos a não ser positivos no orçamento», disse, exemplificando: «Se tivermos um porto que possa ser uma referência estratégica no contexto europeu, então podemos negociar com um parceiro internacional a modernização de que esse porto carece, garantindo-lhe uma concessão a N anos, para que ele explore esse porto, criando postos de trabalho, desenvolvendo a economia, financiando a operação, não tendo essa obra que ser suportada por custos nacionais».

O presidente da AIP lembrou ainda que é igualmente importante «evitar concentração de obras numa época, havendo outras sem obras para fazer. As nossas empresas têm que ter a garantia de alguma perenidade relativamente às encomendas, o que significa que é necessário planear essas obras em tempo, dando prioridade àquelas que devem preceder outras».