Jardim Gonçalves já tem em sua posse todos os elementos para decidir se apoia os esforços dos accionistas liderados por Pedro Teixeira Duarte ou se mantém posição de que as alterações, além de desnecessárias, estão a ser conduzidas no lugar errado: fora dos órgãos do banco, avança o «Diário Económico».

Depois de, na semana passada, ter recebido a proposta de novos estatutos, tem igualmente em seu poder a lista dos nomes propostos para ocupar os novos órgãos sociais.

Como esperado, Filipe Pinhal encabeça a comissão executiva, contando com Christopher de Beck como seu braço direito. Dois nomes que poderão ajudar a flexibilizar Jardim Gonçalves para o novo projecto, uma vez que ambos estão no banco desde a primeira hora. E sempre foram homens de confiança do fundador do banco.

Antigo ministo das Finanças

Acima, como «chairman» sem funções executivas, o nome proposto é o de Miguel Cadilhe. O antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva conhece bem a casa, uma vez que iniciou a sua carreira em 1979, no então BPA, que seria mais tarde comprado pelo BCP. Cadilhe saiu em 2001, quando desempenhava funções de administrador.

Apesar da sua experiência ser à prova de bala, alguns accionistas colocam ainda algumas dúvidas sobre uma personalidade que não se coibe de dizer o que pensa ¿ e que o faz, normalmente com estrondo ¿ numa altura em que o banco precisa de tudo menos de polémicas. Referem ainda que a relação pessoal de de Cadilhe com Jardim Gonçalves não será a mais cordial, dando mais um argumento ao presidente do conselho geral de supervisão para recusar a proposta destes accionistas.

Partindo do pressuposto ¿ longe de ser um dado adquirido ¿ de que a proposta é subscrita pelo conselho geral de supervisão ou, em alternativa, aprovado por dois terços dos accionistas em nova assembleia geral, está igualmente fechado que o conselho de administração contará com duas vice-presidências entregues a Pedro Teixeira Duarte e à Eureko, como o Diário Económico referiu na semana passada. A seguradora holandesa, que é o maior accionista do BCP, é hoje representada por Gijsbert Swalef, que poderá ficar se a Eureko der a luz verde à proposta.

Como administradores ficariam igualmente Josep Oliu, em representação do Sabadell, António Mexia, pela EDP, Ludgero Marques (presidente da AEP e accionista do BCP), Keith Satchell (já vogal do conselho de supervisão) e um representante da Fortis. Isto para além de Alberto Castro, professor de Economia da Universidade Católica do Porto, como independente.

De fora ficarão a Caixa Geral de Depósitos e o BPI, uma vez que se tratam de instituições concorrentes.

Na comissão executiva, os restantes lugares estão ainda em aberto. Existem já nomes para os ocupar, mas ainda não houve acordo entre accionistas para os nomear. Além disso, o processo de escolha deverá contar com a colaboração do CEO.

Filipe Pinhal irá liderar a equipa e os accionistas querem ouvir os seus pontos de vista sobre a sua constituição. Mas a margem de manobra do presidente executivo para fazer alterações aos nomes que vierem a ser propostos é limitada. Uma coisa é clara: as escolhas serão dos accionistas e não de Pinhal, que apenas poderá vetar um ou outro nome.

Igualmente claro é que a abertura dos accionistas para que o conselho de supervisão se pronuncie sobre as propostas não significa que Teixeira Duarte e os que o acompanham tenham dado o seu trabalho por concluído e que tenham entregue aos órgãos do banco a condução do processo a partir de agora. Até porque continuam a acreditar que o objectivo de Jardim é travá-lo.