A economia portuguesa deve ter desacelerado no primeiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, tendo em conta os indicadores económicos que foram sendo divulgados.

Na quinta-feira, o Instituto Nacional de Estatística vai divulgar a estimativa rápida das contas nacionais, que avança com um primeiro número para o crescimento económico português no primeiro trimestre, sem publicar ainda as várias componentes do Produto Interno Bruto (PIB), avança a «Lusa».

Ao longo do primeiro trimestre, os indicadores qualitativos sobre a actividade económica sinalizam algum abrandamento: o indicador coincidente do Banco de Portugal acumulou desacelerações consecutivas nos três primeiros meses do ano, registando o ritmo de expansão mais baixo desde Julho de 2006 e ao mesmo tempo, o indicador de clima económico do INE praticamente estabilizou.

Do lado do consumo, que pesa mais de metade no conjunto da riqueza criada em Portugal, os indicadores também não foram muito animadores: os consumidores estão cada vez mais pessimistas, segundo a Comissão Europeia, com o indicador a manter-se em níveis negativos; e o indicador coincidente do consumo privado do Banco de Portugal registou a sua primeira descida desde meados de 2003, em Março.

Quanto ao investimento, a tendência não difere muito, embora para o conjunto do ano esta seja uma variável em que os analistas e o governo têm alguma esperança de melhoria, ate tendo em conta os projectos ja contratualizados.De qualquer forma, o indicador de investimento do INE aponta para um «abrandamento significativo» até Fevereiro. As vendas de cimento, outro indicador normalmente utilizado para aferir o andamento do investimento e da actividade na construção, caíram 8,7 por cento nos três primeiros meses.

O índice de volume de negócios nos serviços, as vendas do comércio a retalho e a produção industrial mostram sinais de enfraquecimento no primeiro trimestre.

Relativamente ao consumo do Estado, e numa altura em que o governo tem uma margem reduzida porque tem de reduzir o defice publico, os dados da execução orçamental da Direcção Geral do Orçamento mostram que houve uma queda do investimento público (18,7 por cento até Março, face ao primeiro trimestre de 2007) e que as despesas totais se contraíram em 0,7 por cento, só no sub-sector público, pelo que esta variável deve continuar a limitar o crescimento da economia portuguesa.