Paulo Bento não deixou passar sem registo o prémio de melhor jogador mundial em 2008, atribuído pela FIFA a Cristiano Ronaldo. E aproveitou para recordar a distinção a Luís Figo, em 2001, sublinhando a qualidade dos jogadores portugueses: «É um prémio justo, a culminar um ano fantástico do Cristiano e que, apesar de toda a concorrência de grande qualidade, culminou num troféu que distingue a sua tremenda eficácia. É, para todos nós, um motivo de satisfação e de orgulho termos nesta década dois jogadores distinguidos com o prémio de melhores do mundo. É bom não esquecer que, num caso e noutro, estavam a jogar em Espanha e Inglaterra, mas não eram espanhóis, nem ingleses. São jogadores portugueses», frisou.
Para além disso, são dois jogadores formados no Sporting, e Paulo Bento explicou a aposta do clube nas camadas jovens. «Pela qualidade que os atletas têm, por questão de política de clube e também porque o Sporting tem a necessidade de o fazer, da forma como as cosias estão, é um caminho a seguir.
E o treinador vê alguém, dois oito futebolistas que fazem parte do plantel principal que foram formados no clube, para chegar ao mesmo nível que Figo e Ronaldo? «É muito difícil de prever, porque pelo facto de haver oito jogadores oriundos da formação não significa que um deles tenha de vir a ser o melhor do mundo. As características de Figo, Ronaldo e até Nani são diferentes das que temos no plantel. Se olharmos para as nomeações, vemos jogadores do meio-campo para a frente, que desequilibram no um para um, e que têm um nível de eficácia elevado. A excepção é Cannavaro. Não é fácil a um jogador que actue noutras posições atingir esse patamar», argumentou.
Estímulo e¿Nani
Ainda assim, o técnico espera que «a vontade que Ronaldo e Figo tinham em melhorar e superar-se tem de servir de estímulo» aos jovens leões. «Figos e Ronaldo não aparecem a todo o momento e o pior que há é querer imitá-los. Isso é a pior situação, porque um jogador quando quer ir para a personalidade de outro, esquece-se da dele próprio. Têm de perceber a dinâmica em que estão inseridos e perceber as suas qualidades.»
Por fim, Paulo Bento recordou a chegada de Ronaldo ao plantel principal dos leões. Treinador e melhor do mundo de 2008 jogaram juntos no Sporting de Boloni: «Entrou no ano a seguir à conquista do último título, numa época que não foi fácil em termos desportivos, a seguir a essa conquista. O que tentámos fazer, quer com Ronaldo, quer com Quaresma e Hugo Viana, foi, dentro de um grupo que tinha maturidade, integrá-los na dinâmica de profissionalismo. Tínhamos um treinador que apostava na formação e a integração foi feita da melhor maneira.»
«O clube para onde Ronaldo foi permitiu-lhe dar passos seguros sem precipitações», continuou Paulo Bento, que lembrou outro ex-leão que, por acaso, treinou. «Se olharmos para o caso do Nani, vemos que joga menos no Manchester United do que jogava no Sporting. E se calhar ali está com uma abertura maior do que tinha aqui, está mais experiente e mais ciente do profissionalismo e concorrência do plantel», concluiu.