Finalmente campeão na última época, a segunda desde que os milhões do Qatar entraram, o PSG começou a época com a conquista da Taça dos Campeões (Supertaça) frente ao Bordéus (1-2), no Gabão. No entanto, o sabor da vitória rapidamente se perdeu, uma vez que os parisienses começaram a Ligue 1 com dois empates em duas jornadas, obrigando Blanc a repensar a estratégia.

O treinador assentou a sua equipa num 4x4x2, com duas unidades mais defensivas (Motta e Matuidi), um falso médio esquerdo, que aparecia no miolo para organizar (Pastore) e um médio direito mais vertical (Lucas), que por vezes também surgia no miolo para rematar. As igualdades, uma deles no Parc des Princes frente ao Ajaccio, e a má fluidez atacante, colocaram o esquema em causa. O antigo central apostou então num 4x3x3, que recuperaria, um ou dois jogos mais à frente, a irreverência de Lavezzi, até aí suplente. O tridente do meio-campo começou por absorver Pastore, mas ganhou maior fôlego quando Verratti entrou para o lugar do criativo argentino e libertou ainda mais Matuidi para os seus raides de longo alcance.

O novo esquema empurrava Pastore e Lucas para o banco, mas não só Verratti mantinha a qualidade de passe direto do primeiro como consolidava posicionalmente o setor. Já com Lavezzi, Blanc acrescentava profundidade ao flanco esquerdo, com o avançado a entender-se bem com Maxwell, além de aparecer com frequência na zona de tiro. Lucas, furos abaixo do que o chegou a mostrar no início do ano, nunca conseguiu fazer o mesmo do lado contrário, fosse com Jallet ou com Van der Wiel, fugindo da ala ou perdendo-se em estéreis jogadas individuais.

Não mudou. Ibrahimovic continua a ser o porto seguro do ataque. O sueco funciona não só como pivot em ataque continuado mas também como referência para bolas longas, passando por cima de focos de pressão ou queimando etapas na construção. Daí até um passe de rotura vai um caminho curto, tornando o ponta de lança um dos maiores criadores de golo dos parisienses (assistiu Ongenda na Supertaça e Maxwell na 1ª jornada, e isolou Cavani frente ao Nantes na 3ª e Matuidi perante o Bordéus na 5ª). E a sua influência não acaba aqui. Marcou também os seus, usando a capacidade atlética, como frente ao Guingamp, ou a capacidade de aparecer rápido na área, como frente ao Mónaco.

Os laterais têm influência grande na alimentação do ataque. Van der Wiel e Maxwell são extremamente participativos, com o francês a desequilibrar não só com cruzamentos eficazes, mas também com diagonais incisivas. Van der Wiel é bem mais vertical, procura a linha final.

A lesão de Thiago Silva não só deixa a defesa parisiense sem um patrão, mas também o ataque perde um dos organizadores e finalizadores. A bola saiu muitas vezes do seu pé direito, em bolas longas, aproveitando espaços nas costas dos rivais; e foi uma das armas mais fortes nas bolas paradas, onde curiosamente surgem Motta e Lavezzi (ou Lucas) como batedores, respetivamente à direita e à esquerda. Os cruzamentos caem em maioria junto ao primeiro poste. Sem Thiago, Marquinhos, o próprio Motta, Alex, Cavani e Ibra serão sempre referências. O sueco assumirá a responsabilidade dos livres diretos.

O PSG defende por blocos, e por vezes fá-lo de forma desorganizada, abrindo brechas entre setores. Quando não tem a bola, Lavezzi torna-se médio, desdobrando o 4x3x3 em 4x4x2, mas não é raro Cavani ajudar a defender quando a bola aparece pela direita. Ibra fica nessa altura mais solto, mantendo-se como âncora. O meio-campo, apesar de composto por unidades de trabalho, nem sempre faz a cobertura ideal à manobra defensiva (ver galeria).

Os homens de Laurent Blanc gostam de ter a bola e gerir o jogo. Não vencem por esmagamento, mas vão testando soluções até terem sucesso, envolvendo a presa. Gostam de sair em progressão, mas quando pressionados podem cometer erros. A versatilidade de Ibra permite-lhes mudar várias vezes de estratégia. Tal como o banco, que tem unidades de grande qualidade.