Mendonça tem apenas 24 anos, mas o nome soa familiar e há razões para isso.
Promessa do futebol angolano, chegou a Portugal em 2000/01, e como Vata e Lufemba, antigos jogadores famosos no seu país, aterrou com destino ao Varzim. O clube da Póvoa comprou o passe ao 1º Agosto por 18 mil contos. Mas só pagou a segunda tranche um ano mais tarde, com a receita de um jogo que haveria de ficar célebre por causa de outro angolano, Mantorras.
Nesse dia, quando Alexandre moveu impiedosa marcação a Mantorras, colega na selecção sub-20, o extremo esquerdo do Varzim começou no banco. Entrou aos 54 minutos, para o lugar de Marco Freitas. Foi a estreia na I Liga e não podia ter corrido melhor. O Varzim perdia por 2-0, mas acabaria por empatar 2-2 e Mendonça fez o cruzamento que provocou o autogolo de Cabral.
Nesse ano, 2001, Mendonça fora uma das estrelas angolanas da selecção sub-20 que participou no Mundial da Argentina. Uma equipa que além do varzinista também tinha Mantorras e Mateus, entre outros. De resto, Mendonça foi ganhando estatuto no seu país (chegou à selecção principal a 24 de Abril de 1999) e sem surpresa apareceu no Mundial da Alemanha como uma das figuras maiores dos «palancas». Participou activamente na fase de apuramento e foi sempre titular no grupo de Portugal.
Enquanto subia na selecção, Mendonça mantinha a discrição no futebol português (Varzim, com curta passagem pelo Chaves, em 2002/03), uma forma de estar só episodicamente alterada. Em 2004, por exemplo, acusou positivo num controlo anti-doping e ficou três meses parado.
Mais tarde, em 2005, foi com o Varzim a Alvalade, para a Taça de Portugal, apadrinhar a estreia de Paulo Bento como treinador principal do Sporting. Perdeu 2-0, foi eliminado, mas entrou na história da partida como um dos destaques.
Apesar, lembram-se?, de o nome ser familiar, só esta noite, a 10 de Fevereiro de 2007, Mendonça passou a ter direito de figurar no álbum dos heróis da Taça de Portugal. Afinal, jogou para nota máxima frente ao Benfica e foi o principal responsável pela terceira eliminação dos «encarnados» às mãos de uma equipa de divisões secundárias. Deve ser a isto que se chama fazer história.