Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes, falou esta sexta-feira sobre os insultos racistas dirigidos a Marega no encontro entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães.

«Toda a sociedade portuguesa, e não só o futebol, deve estar envergonhada com o que aconteceu. Foi um ato de racismo. Temos de perceber que os processos estão a decorrer e que este caso concreto poderá ter enquadramento desportivo e enquadramento penal», disse o dirigente, em entrevista à SIC, adiantando que espera os processos decorram «de forma rápida.»

«Enquanto presidente da Liga serei sempre embaixador contra a violência e o racismo. Tive o cuidado de partilhar com o ministro da Administração Interna aquilo que eu achava que deveria ser uma intervenção eficaz relativamente às forças policiais. Os estádios têm hoje toda a tecnologia possível para identificar os adeptos através da CCTV», frisou Pedro Proença.

O dirigente recusa que haja uma «linguagem própria no futebol» e alertando que há decisões de tribunais que inocentam determinadas pessoas com esse pressuposto. «O futebol deve ser potenciado pelo respeito pelo adepto e pelo adversário», apontou.

O presidente da Liga recusou a ideia de que, caso Marega não tivesse saído de campo, o incidente teria sido desvalorizado. «Se a equipa de arbitragem tivesse identificado que tinha havido racismo, não seria desvalorizado.»

Questionado sobre o que faria se fosse o árbitro do jogo, já que Luís Godinho não interrompeu o encontro, Pedro Proença afirmou: «Não me pode pedir que me ponha na posição do árbitro do encontro, porque eu vi o jogo pela televisão e há fatores que são do conhecimento da equipa de arbitragem e é preciso estar in loco.»

Sobre o facto de ponderar a demissão como medida de pressão sobre esta questão, o presidente da Liga garantiu: «Se pudesse resolver este tema, com certeza que o poderia fazer, mas neste momento o problema é maior do que isto. Temos uma lei da violência e do racismo que precisa de ser muitíssimo mais agravada», apontou, dizendo que há situações que «os clubes têm incapacidade de resolver.»

«Há adeptos que foram penalizados e não podem ter acessos aos recintos desportivos. Qualquer adepto, se estiver a cumprir uma pena deste tipo, pode chegar ao estádio e adquirir o bilhete, sem que a Liga e os clubes nada possam fazer», adiantou.

O presidente da Liga deixou ainda uma mensagem ao jogador do FC Porto: «A terem existido estes atos de racismo, como parece, deixo-lhe uma palavra de fair-play. Que perceba que o desporto em Portugal não é isto, e que eu, enquanto presidente da Liga, vou levar este processo até às últimas consequências.»