Punido com um jogo de castigo à porta fechada devido ao comportamento racista dos seus adeptos para com Aurélien Tchouaméni, na receção ao Mónaco, o Sparta Praga deveria ter o estádio vazio para o jogo contra o Rangers desta quinta-feira, da Liga Europa. Os checos conseguiram, contudo, autorização para ter nas bancadas dez mil crianças para este encontro.

Sparta Praga-Rangers (foto AP)

Esta exceção já aconteceu recentemente com clubes como Partizan Belgrado, Slovan Bratislava e com a seleção romena.

Só que, mesmo havendo apenas adeptos sub-14 nas bancadas, o jogo ficou marcado por incidentes. Cada vez que Glen Kamara tocava na bola, foi apupado. O jogador acabou por ser expulso.

Recorde-se que em março, quando as duas equipas se defrontaram, o jogador do Rangers já tinha sido alvo de insultos racistas por parte de Ondrej Kudela, comportamento que valeu ao jogador do Sparta uma suspensão de dez jogos de todas as competições organizadas pela UEFA.

Segundo o advogado de Kamara, em declarações à Sky News, os apupos não se limitaram a Glen Kamara, mas começaram a acontecer cada vez que um jogador negro tocava na bola.

Steven Gerrard, treinador do Rangers, falou sobre a situação no final do encontro. «Não me apercebi porque estava concentrado no jogo. Agora, com o áudio, tenho perfeita noção e nem sei como não me apercebi.»

«Estou extremamente desiludido, embora não surpreendido», disse Gerrard, acrescentando: «Falei com Glen, ele está bem, mas a nossa conversa permanecerá privada.»

«Infelizmente, estas coisas continuam a acontecer com muita frequência e, infelizmente, os castigos não são suficientemente severos», frisou o técnico.

O Sparta de Praga reagiu num longo comunicado, em que diz que se tratam de «declarações xenófobas sem precedentes contra a República Checa, os seus cidadãos e até mesmo as suas crianças.»

«Estão a descrever incorretamente o comportamento de crianças, considerando-se no direito de julgar a expressão das emoções de crianças de seis anos que não têm ideia do que é racismo», diz ainda o comunicado.

«É absolutamente inacreditável que, depois de um jogom, tenhamos de assistir a crianças inocentes serem atacadas e enfrentarem acusações infundadas de racismo. Insultar crianças na internet e nos media é inaceitável, desesperador e ridículo», acrescenta o Sparta de Praga.

«Em nome da direção do clube, jogadores, treinadores e todo o staff, gostaríamos de agradecer às crianças por um ambiente maravilhoso e único», diz ainda o clube, que afirma que «este jogo ficará para a história do clube de uma forma positiva.»

«Pedimos aos representantes do Rangers que façam a sua parte para acabar com a atmosfera xenófoba dirigida às nossas crianças, ao nosso belo país e aos seus habitantes», termina o comunicado.