Por estes dias muito se tem falado de Jorge Jesus e da reação intempestiva que teve no final do V. Guimarães-Benfica. Em todas as imagens é possível ver Raúl José, o seu adjunto de maior confiança, a tentar acalmá-lo. Não é a primeira vez que acontece, que aquela figura de fato-de-treino surge da sombra em momentos de grande exaltação do treinador do Benfica.

Raúl José, 49 anos (prestes a fazer 50, agora em outubro), conheceu Jesus quando ambos eram ainda jogadores. Foi no Atlético, em 1987, quando o médio Jesus estava prestes a terminar a carreira e o avançado José ainda trilhava o seu caminho nas divisões secundárias. Foram treinados por Norton de Matos e mais tarde reencontraram-se, mas já no papel de treinador e adjunto.

Pelo meio deste trajeto Raul José conheceu Luís Filipe Vieira, o presidente que o contratou para marcar golos no Alverca. Mais tarde, em 1996, o ex-jogador feito treinador nos juniores do mesmo clube depois de pendurar as botas (aos 33 anos), viria a aconselhar o presidente do Benfica a apostar no seu chefe, que somava boas prestações na União de Leiria, Belenenses e Sp. Braga.

Raúl José começou a trabalhar como treinador-adjunto da equipa principal do Alverca primeiro com Mário Wilson (98/99) e depois com José Romão (99/2000), mas em 2004 apareceu ao lado Jorge Jesus no Moreirense. Depois disso acompanhou-o em todos os clubes por onde passou, cultivando sempre o estilo de fiel da balança, de pacificador, não só nos momentos mais quentes, mas na própria relação com os jogadores no dia-a-dia.

Ficou célebre um jogo-treino, em 2007, que terminou mal quando Jorge Jesus, então treinador do Belenenses, se desentendeu com Tulipa, o treinador do Estoril. «O particular Belenenses-Estoril, este sábado, no Restelo, terminou cinco minutos mais cedo devido a um desentendimentos entre as equipas técnicas. Uma decisão de Raul José, adjunto de Jorge Jesus e árbitro deste encontro, indignou Tulipa, treinador dos canarinhos, seguindo-se alguma contestação com jogadores de ambos os clubes», contou o Maisfutebol na altura.

Em julho de 2009 concluiu o curso de treinador de IV nível, com a nota de 16,3. O melhor aluno foi Bruno Moura (18), mas outras ilustres figuras foram seus colegas de curso, como Vítor Pereira (17,9), Rui Jorge (17,7), Jorge Costa (16,8), Lázaro Oliveira (16,3), Tulipa (15,6) e Oceano (15,4).

No Benfica já teve de substituir o treinador principal no banco de suplentes em três ocasiões: primeiro, em janeiro de 2011, quando Jesus foi castigado com onze dias de suspensão na sequência da confusão gerada no jogo com o Nacional, que levou Raúl José a orientar a equipa com a Naval (derrota por 2-1) e com o Beira Mar (vitória por 2-1); depois, em novembro do mesmo ano, orientou a equipa contra o Basileia na Liga dos Campeões (1-1), depois de Jesus ter sido expulso.

Se Jesus for novamente castigado, é Raúl José que vai surgir no banco de suplentes e nas conferências de imprensa. Homem de absoluta confiança do treinador do Benfica, tem excelente relação com o presidente Luís Filipe Vieira e assume-se como figura discreta, calma e apaziguadora em cada dia de trabalho no Benfica.

É o responsável pelo treino do Benfica e durantes os jogos serve de correia de transmissão entre as informações que são recolhidas pelo visionamento televisivo e o técnico, para além de ser o receptor de todos os maus humores de Jesus.

Como todas as regras, tem a sua exceção e o próprio Raúl já foi castigado. No último clássico com o FC Porto discutiu com Vítor Pereira e foi expulso. Uma vez sem exemplo.