Há um admirável mundo novo a mover-se, de forma inexorável, no mundo virtual. E isso altera a forma como o futebol é sentido e consumido pelos adeptos.

O crescimento da internet já passou por várias fases e o Maisfutebol tem sido, aliás, um exemplo dessa constante evolução na última década e meia.

A experiência de ver um jogo e de viver a paixão pelo futebol tem mudado, à medida que essa evolução tem aumentado de velocidade e intensidade.

Nas redes sociais, clubes e jogadores têm milhões de fãs, em número que certamente cresceu entre o início e o fim deste artigo.

Essa legião de seguidores não se limita a ser uma mera demonstração passiva de admiração. Cria novos produtos, novas relações, acrescenta valor. Dá oportunidades a empresas de marketing, gestores de projetos, investigadores e programadores.

Fenómenos globais, experiências novas

Cristiano Ronaldo é, também neste aspeto, um fenómeno único: com os seus 103 milhões de fãs no Facebook, quase 32 milhões de seguidores no twitter e 10 milhões no Instagram é, de longe, o futebolista mais popular do globo. Está acima de qualquer clube ou instituição. E até tem uma rede social própria, a «Viva Ronaldo».

Nos clubes, Barça e Real disputam a liderança a nível mundial nas redes sociais, com o Barcelona a ter ligeira vantagem como instituição, mas o Real Madrid a levar a melhor na guerra privada CR7/Messi (Ronaldo tem quase mais 30 milhões de fãs no Facebook que Messi).

Pepe e Coentrão à boleia do «efeito Real Madrid»

Esse efeito Real Madrid leva, também, a que Pepe e Fábio Coentrão tenham resultados espetaculares nas redes sociais.

Se o central luso-brasileiro, com 9,8 milhões de fãs no Facebook, é já uma referência como defesa a nível mundial há alguns anos, no caso de Fábio Coentrão (5,68 milhões) não deixa de ser curioso verificar que tem mais do dobro de fãs do que o seu antigo clube, e emblema português com mais seguidores no Facebook, o Benfica (2,67 milhões).

O «second screen» não está só no sofá

Duarte Canário, «marketing consultant» na Inesting, formado em Economia na Universidade do Algarve, explica: «A experiência de seguir um jogo de futebol está a mudar. A utilização de aparelhos mobile durante os jogos aumentou 250% nos últimos quatro anos. Tal como acontece no nosso cérebro, há um lado esquerdo, mais frio, que nos leva a pedir factos e estatísticas que o ajudem a compreender o jogo e há um lado direito, mais quente, que nos leva a partilhar sentimentos sobre o evento que estão a assistir».

Nessa dicotomia, que Duarte Canário expôs em seminário recente sobre meios digitais e futebol, o lado esquerdo será a utilização do mobile, o lado direito o ecrã de televisão que exibe o jogo. Mas também pode ser o próprio relvado, porque o «second screen» não ocorre apenas no sofá em frente ao televisor, também pode ser nas bancadas do estádio.

Está a ser cada vez mais assim, aliás...



 
(Josh Pratt, um jovem adepto do Chelsea, em abril passado, teve esta ideia: segundos antes de Frank Lampard marcar, de penálti, o golo 250 pelos Blues, no triunfo 3-0 frente ao Stoke, virou-se de costas para o jogo, tirou uma selfie enquadrada com o remate do médio hoje no City e postou o momento histórico...)


Estatísticas gerais de um jogo, o andamento de outros jogos, informações sobre um jogador, estatísticas detalhadas, jogos interativos em tempo real (apostas sobre comportamentos antes de um penálti, remates...), avaliar o desempenho de um treinador, tanto mais. Quase tudo, hoje, pode acontecer nessa experiência «second screen» durante um jogo de futebol.

A Major League Soccer americana tem feito crescer o seu leque de seguidores pela interação dos adeptos com o jogo. E os resultados estão à vista: os EUA são já o país com mais fãs de futebol no Facebook (60 milhões), muito acima de Brasil (50 milhões), México (25 milhões) e Turquia (22 milhões). 

A federação de África do Sul está a ir mais longe e até desenvolve a iniciativa «Be the Coach» (Sê o treinador), em parceria com a Carling Black Label, marca de cerveja que tem o naming da prova que serve de «supertaça» da época, entre os vencedores das principais competições oficiais: através de smartphones, em pleno estádio, os espectadores que saiam premiados no concurso ativado entre as caricas das cervejas e o jogo online em que os adeptos intervêm por mobile no estádio, podem participar diretamente na escolha de jogadores...



 

A FORÇA QUE O DIGITAL JÁ TEM NO MUNDO DO FUTEBOL:

-- O minuto com mais tweets até agora registado foi o que se seguiu ao golo de Gotze no prolongamento da final do Mundial-2014 (113m), entre a Alemanha e a Argentina, a 13 de julho passado. Foram 618.725 tweets em apenas 60 segundos

-- o Mundial-2014 no Facebook foi o tema que gerou a maior conversação sobre qualquer evento na História. Foram três mil milhões (3.000.000.000!!) de posts, comentários e likes gerados na mais popular rede social do globo, sobre o Campeonato do Mundo de futebol, realizado no Brasil

-- A Champions League será, em breve, a competição internacional que mais atenções desperta em nas redes sociais. Até ao final da semana passada, os campeonatos do Mundo ainda lideravam, com um total de 40.708.834 likes; de muito perto seguia a Liga dos Campeões, com 40.209.908; em terceiro a Premier League, com 26.451.413; em quarto a liga espanhola, com 14.837.129; em quinto a Liga Europa, com 9.057.134


PLANETA CRISTIANO RONALDO:

-- Cristiano Ronaldo é, de muito longe, a figura futebolística mais popular do Mundo, nas redes sociais. Tinha, até este domingo, 103.676.010 de fãs no Facebook, muito acima de Messi (cerca de 76 milhões e meio), Neymar (50 milhões), Kaká (32,5 milhões) e Ozil (27,2 milhões)

-- CR7 está, até, acima de qualquer clube. Com os seus 103,6 milhões, bate o Barcelona, clube com mais fãs no Facebook (passou os 80 milhões na passada quarta-feira, tinha 80.196.208 este domingo); segue-se o Real Madrid (79.133.730). A alguma distância dos dois colossos espanhóis, aparecem Manchester United (62,5 milhões), Chelsea (39 milhões), Arsenal (31 milhões)

-- O capitão da Seleção e estrela do Real, Bola de Ouro 2013 (e provavelmente, de 2014 também...) tem 31,9 milhões de seguidores no twitter e dez milhões de seguidores no Instagram

-- Tamanha audiência e legião de fãs até já levou à criação de uma rede social própria: a «Viva Ronaldo»

 
O MUNDO DIGITAL NO FUTEBOL PORTUGUÊS:

-- O Benfica é o clube português mais popular no Facebook: 2.675.161 até este domingo. Segue-se, de perto, o FC Porto, com 2.5 milhões. Em terceiro o Sporting, com 1,63 milhões. A muita distância, o Sp. Braga, com 127 mil e a Académica (121 mil)

-- Fábio Coentrão tem mais do dobro de fãs no Facebook que o Benfica. O lateral-esquerdo tem 5.682.045, o Benfica 2.675.161. Efeito Real Madrid (e um pouco a Seleção também) explica este resultado espetacular para Coentrão; Pepe (9,8) e Nani (6,6) batem os maiores clubes portugueses por dimensões ainda maiores

-- Ricardo Quaresma (2,4 milhões de fãs) está à frente do Sporting e quase iguala o FC Porto no Facebook

-- Das dez maiores páginas portuguesas no Facebook, nove (!) são de futebol: Cristiano Ronaldo, Pepe, Nani, Fábio Coentrão, Benfica, FC Porto, Ricardo Quaresma, Raul Meireles e Sporting

-- A única página portuguesa não futebolística no top ten é da Chiado Editora (nono lugar, com 2,1 milhões de fãs)