31 de agosto de 2021. Depois de uma grande época no Portimonense, Norberto Bercique Gomes Betuncal dava o salto para a Udinese. Aos 23 anos, o jovem aterrava num dos campeonatos mais competitivos da Europa.

Uma vitória para Beto, que poucos anos antes havia trabalhado no KFC para pagar a carta de condução com o próprio dinheiro e para aligeirar as despesas da mãe em casa, e para o Tires, casa dele nos primeiros anos no futebol e porto de abrigo ao qual regressou após curtas passagens pelo Benfica e pelo Oeiras.

O clube do concelho de Cascais teria direito a receber quase 200 mil relativos à contribuição solidária da FIFA, que estipula que 5 por cento da verba total de uma transferência seja distribuída pelos clubes que contribuíram para a formação do atleta entre os 12 e os 21 anos. Em suma: um orçamento anual do Tires e mais alguns (bons) milhares de euros.

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Dois anos depois, Beto teve sucesso em Itália e a Udinese colheu os frutos do rendimento do avançado que se tornou profissional aos 21 anos e meio. A dobrar! Desportiva e, depois, financeiramente, com uma venda milionária para o Everton.

Já o Tires continua sem receber a maioria da verba referente à contribuição solidária a que tinha direito, calculada em 188.032,11 euros. Na conta do clube da 1.ª divisão distrital da Associação de Futebol de Lisboa entraram apenas 47.010 euros, referentes ao pagamento da segunda de três tranches. A primeira, de 94.021 euros, foi transferida para outra conta e a terceira, que devia ter sido paga até 30 de setembro, ainda não foi liquidada pelo clube italiano que há menos de dois meses vendeu o avançado português por cerca de 30 milhões de euros.

Esta é a história (inacabada) da longa luta de um clube da distrital de Lisboa para receber o que lhe é devido. De queixas na FIFA, de ações nos tribunais e contra aquilo que entende ter sido a negligência de um banco através do qual entraram e saíram quase 100 mil euros que pertenciam ao Tires e que foram desviados por desconhecidos.

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