«Eu preciso te falar/Te encontrar de qualquer jeito/Pra sentar e conversar/Depois andar de encontro ao vento». Este era o primeiro verso da canção célebre cantada em dueto por Gal Costa e Tim Maia, que animou a primavera de 87 e serviu para os jogadores do F.C. Porto libertarem a pressão nos momentos que antecederam a final da Taça dos Campeões Europeus, em pleno balneário do Estádio do Prater, em Viena.
Michael Sullivan e Paulo Massadas escreveram a música e a letra de «Um dia de domingo», com certeza muito longe de pensarem que viriam a obter um impacto tão grande no mundo que fala a língua portuguesa. Tim e Gal tornaram a canção eterna e, passados tantos anos, haverá muita gente a recordá-la com saudade. Os ritmos persistem, pelo menos, na memória dos heróis de 87.
«Lembro-me que o Futre cantava muito essa música, mas o ambiente no grupo era, de facto, espectacular e nós cantávamos todos muitas vezes, fosse no balneário ou no autocarro», lembra Inácio. Uma tese justificada por Quim: «Naquele tempo dávamo-nos todos extremamente bem e a música era só um pretexto para libertarmos a pressão daqueles momentos. Normalmente era o Futre que começava, porque era uma pessoa animada e divertida».
Cientes de que estavam a passar por momento inesquecíveis, aqueles jogadores não terminavam a ligação em campo, estendendo as raízes para fora das quatro linhas. «Passávamos muito tempo juntos, almoçávamos, jantávamos e organizávamos convívios, em que falávamos de tudo. Éramos, acima de tudo, amigos e durante os estágios fazíamos o normal naquela altura, jogar às cartas e dominó», lembra Quim.
Bem, mas regressando ao tema principal, ou seja a «Um dia de domingo». Juary confirma a história e lança mais um pormenor. «Era normal os jogadores cantarem as músicas que passavam naquela altura e antes do jogo de Viena cantámos essa que ficou célebre nas vozes de Gal Costa e Tim Maia. Lembro-me que o Celso também animava muito o grupo e gostava de cantar para que todos libertássemos a pressão», recordou o «baixinho». A alegria até o levou a repetir o refrão: «Faz de conta que ainda é cedo/Tudo vai ficar por conta da emoção/Faz de conta que ainda é cedo/E deixar falar a voz do coração».