Ricardo Carvalho não tem dúvidas em eleger José Mourinho como melhor treinador de todos os tempos. Numa entrevista ao jornal «LEquipe», o central do Mónaco desvaloriza as 35 primaveras que já passaram e garante que está em condições para continuar a jogar ao mais alto nível. O defesa diz que, se não fosse o «problema» com Paulo Bento, até «seria uma honra» ajudar a seleção no Mundial-2014.

O antigo internacional português começa por explicar a saída do Real Madrid para o Mónaco. «Só joguei dezasseis jogos pelo Madrid na última temporada. Podia ter ido para o Qatar, Dubai ou Estados Unidos, que me ofereciam dois anos de contrato, enquanto o Mónaco só me oferecia um. Mas sabia que ainda podia fazer uma boa temporada. Tinha perdido o meu lugar em Madrid devido a uma lesão no joelho. Sem essa lesão, sabia que podia estar bem e nunca tive dúvidas em assinar pelo Mónaco», explicou.

Na liga francesa, o central pode continuar a jogar ao mais alto nível, apesar de muitos críticos lhe apontarem a avançada idade. «Toda a gente olha para a minha idade, mas tenho confiança em mim. As dúvidas são normais. As críticas são difíceis de aceitar. No Porto, como em Madrid, sempre joguei quando estava bem fisicamente. E aqui estou. Tenho qualidade. Nunca estive lento. Sempre fui rápido e ágil. Posso ajudar uma equipa que quer crescer. Penso que estou a fazer uma boa temporada, mas sou exigente e quero fazer melhor», destacou.

O defesa diz ainda que sente que podia ajudar a seleção no Mundial, não fosse um «problema» com Paulo Bento. «Há pessoas que dizem que tenho nível para jogar na seleção, mas há um problema com o selecionador. Seria uma honra representar Portugal, mas se não há respeito... Em 2011 no Chipre, não joguei e fui-me embora. Não ia para lá para fazer histórias com o treinador. Preferi sair. Senti que não estava a ser respeitado», recordou.

«Mourinho vê melhor os jogos do que os outros treinadores»

Quanto a Mourinho, apenas elogios. «Não é difícil explicar isto, mas ele vê melhor os jogos do que os outros treinadores. Nisso tenho a certeza. Nem sempre estamos de acordo em tudo, é muito exigente, mas ganhei muito com ele. Exigiu-me muito e cresci graças a ele», refere.

Ricardo Carvalho destaca, acima de tudo, a forma como encarava os treinos. «Antigamente era muito tímido. Se não me sentia à vontade, fechava-me e deixava-me estar no meu canto. Essa história começou com o Mou. Trabalhei com sete ou oito anos com ele. Ele dizia-me que não me aplicava afundo nos treinos e que estava sempre motivado nos jogos. Com o tempo consegui dar mais de mim nos treinos», contou.

O defesa assinou por uma temporada com o Mónaco, mas gostava de continuar por mais outra. «Não depende de mim. Estou motivado para ficar. Sinto-me bem aqui e preferia ficar do que ir para o Dubai ou para os Estados Unidos», destacou ainda.