* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
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2004, 2008, 2012. Três Jogos Olímpicos sem resultados condizentes com a reputação de Telma Monteiro no mundo do judo. E críticas, claro, pelo síndroma ‘Mamediano’ que se apoderava da atleta de Almada.

Telma, a própria, tem consciência desse perfil que lhe foi traçado. Quatro vezes vice campeã mundial, uma vez terceira classificada e nada para apresentar em Olimpíadas.

Na Arena Carioca 2 tudo mudou. «Não podia desistir», desabafou a judoca, medalha de bronze para Portugal nestes Jogos do Rio de Janeiro.

Telma não podia desistir. Não fazia sentido. Os abraços aos que lhe são mais próximos – treinador e familiares – revelam o quão importante era esta quarta oportunidade para Telma no mais importante torneio do planeta.

«Treinei muito, chorei muito… acho que todos os que gostam de mim choraram».

Um minuto para se recompor. O combate contra a romena Corina Caprioriu acabou há instantes. Um ponto bastou para Telma ter a possibilidade de gerir o tempo e o posicionamento no combate.

Das bancadas não lhe faltou apoio. Os brasileiros colocaram-se ao lado da portuguesa e gritaram bem afinado «POR-TU-GÁU, POR-TU-GÁU»!

Dez segundos, nove, muita tensão. Telma não podia falhar. Controlou-se, concentrou-se, explodiu. Ela e todo o pavilhão, claramente do lado português e contra a romena Caprioriu, medalha de prata há quatro anos.

O próprio José Garcia, chefe da missão olímpica, falava de lágrimas nos olhos. E voz embargada. «Quem não está emocionado com isto? Todos os portugueses. Até vocês, jornalistas», referiu o antigo canoísta.

«A Telma teve uma operação delicada, recuperou e cá está ela. Ela é um exemplo de como se deve estar na vida. Estou muito feliz».

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, quis dar um abraço forte. Mas não conseguiu logo, na zona mista. Apesar dos pedidos dos jornalistas e de José Garcia, a organização vetou-lhe o acesso.

Nada que abale o orgulho do governante e de todos os presentes. A única má notícia é que hoje, cara Telma, «não vai haver festa».

«Tenho pena, mas a Aldeia Olímpica não é o local para isso. A Telma terá muito tempo para celebrar, amanhã há vários atletas em prova», atirou, a sorrir, José Garcia.

Já o ministro elogiou o trajeto de Telma: «É uma grande atleta. Habituou-nos a grandes resultados nos Campeonatos do Mundo. Vivemos este combate com muita emoção. A Telma é uma referência muito positiva para todos nós.»

Uma medalha, vários momentos. «Perseguia isto há 12 anos», explodiu a nova medalha de bronze portuguesa. De Atenas 2004 ao Rio 2016 o trajeto foi duro, longo e nem sempre feito de rosas.

Parabéns, Telma, o pódio é teu.