Não matou, morreu. O Rio Ave deixou fugir dois pontos na receção ao Arouca, num jogo amarrado do primeiro ao último minuto e que, embora a equipa de Nuno tenha tido o ascendente na maior parte do tempo, viu esfumar-se a vantagem no forcing final de um Arouca que teve o dom de acreditar.

Antes do golo de Lassad, no segundo minuto de descontos, o Arouca até já tinha desperdiçado uma soberana ocasião para empatar, por Pintassilgo. O Rio Ave não percebeu a ameaça, não conseguiu tapar os caminhos que o Arouca ia descobrindo e deu-se mal. Um ponto importante para a equipa de Pedro Emanuel.

O Rio Ave foi, na maior parte do tempo, dono da iniciativa e mandão. Podia ter descansado cedo, mas deixou o resultado naquela incerteza que nenhum técnico gosta. Deu-se mal. Antes, quisera fazer a diferença pelo futebol mas teve de fazer-se notar na garra. E também o conseguiu.

Embora o tapete verde dos Arcos até estivesse, inicialmente, em melhores condições do que na recente receção ao Belenenses, as mazelas foram-se notando com o passar do tempo e o jogo pelo solo desaconselhado.

O problema é que o vento também ditava leis e os passos longos acabavam por ser uma lotaria. Como jogar, nestas condições? Acreditando e lutando muito.

O prémio seria, por isso, para quem acreditasse mais e, embora não tenha sido sempre inteligente na forma como tentou controlar a partida, o Rio Ave foi melhor. Corrigindo: foi melhor durante mais tempo.

Melhor preparado para o terreno, mais ofensivo, a arriscar mais. Foi feliz, ainda na primeira parte, quando Edimar trocou as voltas a Ivan Balliu e centrou para o golo de Ukra. Mas já antes Tarantini, por exemplo, tinha ficado perto de marcar, num pontapé do meio da rua que não passou nada longe.

Ao intervalo, Nuno trocou o apagado Braga por Roderick, apostando tudo no musculo. O Arouca não mudou o esquema e cresceu. Nunca massacrou, mas esteve mais tempo no meio campo contrário.

Viu Tinoco ficar a centímetros de um golaço, num remate de pronto de fora da área, juntou Cissé a Lassad para ter dois faróis para os raides ofensivos. Cresceu, com estes condimentos, aproveitando ainda a intranquilidade da defesa vila-condense que pouco ganhou com Roderick.

Mas, mesmo assim, as melhores ocasiões até foram do Rio Ave, ambas pela direita do ataque. Primeiro num excelente raide individual de Nuno Lopes, que deixou dois homens do Arouca para trás antes de atirar para defesa de Cássio. Depois com Renato Santos a ver, novamente, o guardião brasileiro segurar a diferença mínima.

Depois veio o desnorte vila-condense na reta final. Ederson ainda evitou o empate duas vezes, mas à terceira nada pôde fazer. Lassad saltou sozinho na área e fez o empate, que se aceita pela crença de uns e descontrolo de outros.