Está quase! O Sporting venceu em Vila do Conde, por 3-1, condenou o Rio Ave a uma última jornada de verdadeira aflição e ficou a apenas um ponto de garantir a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões da próxima época. Uma partida inteligente da equipa de Paulo Bento que, perante um adversário a precisar desesperadamente de vencer, apostou declaradamente no contra-ataque e ficou com um crédito de muitos milhões graças a essa opção.
Não foi nada fácil o triunfo do leão. Antes pelo contrário. O Rio Ave mostrou a raça e a vontade de quem quer ficar entre os grandes do futebol português e apenas não conseguiu superiorizar-se à «matreirice» demonstrada pela equipa lisboeta. Perdeu e ficou com a vida muito complicada, até porque uma vitória na última jornada, em Leiria, pode não ser o suficiente para evitar a despromoção. Aliás, o conjunto de João Eusébio precisa de uma conjugação de resultados favoráveis para não regressar ao escalão inferior onde esteve, pela última vez, em 2002/03. Vai ser um sofrimento até ao fim pelas bandas de Vila do Conde.
Quem aprendeu a sofrer foi o Sporting. Depois de três resultados negativos que afastaram a equipa leonina do título e permitiram a aproximação do Benfica, Paulo Bento optou pelo pragmatismo. Entregou o controlo do jogo ao adversário e procurou lançar rápidos contra-ataques para aproveitar os espaços concedidos pela defesa vila-condense. E foi assim que, aos 17 minutos, a equipa forasteira se adiantou no marcador, já depois de Evandro ter obrigado Ricardo a uma defesa espectacular.
Deivid no papel de maestro
Jogada pura de contra-ataque conduzida por Deivid, com o brasileiro a fazer um passe magistral para a desmarcação de Nani que, na passada, rematou sem qualquer hipótese de defesa para Mora. A festa leonina durou pouco. Ou melhor, demorou pouco até ser ainda maior. Apenas três minutos volvidos, um cruzamento de Miguel Garcia na direita criou o pânico entre os centrais do Rio Ave, com Liedson a aproveitar a atrapalhação de Bruno Mendes e Danielson para, com alguma sorte no ressalto, ampliar a vantagem leonina.
Estava tudo controlado, mas já depois de terem chegado a Vila do Conde os ecos do golo do Benfica, na Luz, frente ao Setúbal, o leão voltou a tremer. Milhazes bateu, de muito longe, um livre directo, a bola saiu à figura de Ricardo, que, incrivelmente, a deixou passar por entre as pernas. Um frango como há muito não se via.
Estava perfeitamente relançado o jogo em Vila do Conde e a equipa da casa fez questão de mostrar a vontade que tem de ficar na Liga. Regressou dos balneários cheia de atitude e durante cinco minutos o Sporting praticamente não saiu do seu meio-campo. E teve sorte o leão, quando um cabeceamento de Evandro apenas não resultou no empate porque Tello, junto ao poste, salvou sobre a linha fatal.
Infelicidade total
O Rio Ave não teve a felicidade do seu lado neste lance, como não teria aos 57 minutos, quando Danielson desviou a bola para a sua própria baliza depois de um cruzamento de Nani no flanco direito. Estava encontrado o vencedor do encontro, até porque a equipa da casa não mais conseguiu mostrar a atitude e a coragem que tinha tido até então.
Sobrou a alegria dada aos adeptos vila-condenses pelo F.C. Porto ao vencer o V. Guimarães e pelo golo do Sp. de Braga frente ao concorrente directo na fuga à despromoção, Gil Vicente. No entanto, os galos de Barcelos haveriam de empatar perto do fim e tornaram ainda mais complicada a vida do Rio Ave na última jornada. Vai ser preciso rezar e muito.