Laurent Robert tem fama de jogador com temperamento difícil, algo que começou a ganhar bem cedo e que amigos e ex-treinadores recordam. Depois de ter chocado de frente com Luiz fernandez e Graeme Souness (eles próprios pessoas de feitio complicado), esta época ficou famosa a recusa em ir para o banco num jogo do Portsmouth com o Sunderland, em Outubro.
O francês que o Benfica agora contratou fez-se especialmente notado em Portugal a 14 de Abril do ano passado. Robert jogava no Newcastle e nesse dia, em entrevista, criticava a equipa e as opções do treinador, o nosso bem conhecido Souness. A oportunidade não podia ser pior. Nessa noite o Newcastle jogava em Portugal com o Sporting, uma partida fundamental para a Taça UEFA. Souness chamou egoísta a Robert e multou-o. Algo que aconteceria outra vez, no final da temporada. Resultado: empréstimo ao Portsmouth.
De resto, Robert já tinha chegado ao Newcastle, em 2001-02, depois de um longo braço-de-ferro com outro treinador famoso por ferver em pouca água, Luiz Fernandez. Mas dessa vez entrou pela porta grande e os ingleses tiveram de pagar 15 milhões de euros.
Apesar do tempo que passou afastado da equipa em 2000-01, Robert já tinha fama de excelente jogador. Guy Roux, o famoso treinador do Auxerre, considerava-o o melhor pé esquerdo a jogar em França, o que dá uma ideia.
Internacional francês, notável pela qualidade de remate, Robert parece ter dificuldade em aceitar quando o colocam no banco. Gallas, defesa do Chelsea que foi colega de tropa, aponta «o temperamento» como o principal defeito do extremo, em declarações publicadas no site pessoal de¿ Laurent Robert. Mesmo assim, diz, acha que o amigo «está menos impulsivo».
É também aí que ficamos a saber que Robert é filho de um antigo jogador de futebol, que deixou nome na Ilha de Reunião, no Índico, onde ambos nasceram. Segundo conta o próprio jogador do Benfica, foi futebolista como podia ter sido tenista, outra das modalidades que praticava. Mas como preferia desportos colectivos, também deixou para trás o atletismo e o cross.
Robert jogou na ilha até aos 15 anos, altura em que deixou de resistir aos convites que tinha de clubes franceses. Trocou o sol pelo Brest e apesar de o Auxerre o querer, preferiu rumar ao sul e instalar-se em Montpellier.
A estreia na equipa profissional aconteceu aos 19 anos, pela mão de Gérard Gili. No ano seguinte marcou o primeiro golo. De uma forma curiosa, segundo conta o próprio. «A 10 minutos do fim assinalaram uma falta para livre directo. Eu estava no banco e disse ao treinador, Michel Mezy, que se me deixasse entrar marcava golo. Ele arriscou, eu fui lá e marquei». E assim o Montpellier ganhou ao Martigues, 1-0.
De Montpellier seguiu, já jogador feito, para Paris. O Marselha, clube de que era adepto em pequeno, também estava interessado. Mas preferiu a capital. Foi aí que, depois de três expulsões e sete jogos de suspensão, ganhou a fama de jogador difícil. Uma segunda pele que o acompanha até hoje. Será diferente na Luz?