Roger Federer tornou-se o seu próprio agente ao formar com o seu até agora representante uma agência de gestão da carreira de atletas. O tenista suíço e Tony Godsick formaram – com mais dois investidores dos Estados Unidos (Ian McKinnon e Dirk Ziff) – a Team8 e, além de Federer, a agência já tem também como representados os tenistas Juan Martin Del Potro – um lugar à frente do suíço no ranking – e Grigor Dimitrov.

Este é mais um passo na carreira como homem de negócios do jogador com o melhor registo de sempre na história do ténis – e que ainda não acabou de jogar a sério. O atual nº6 mundial tem mesmo marcado o seu percurso com várias atividades muito lucrativas ao lado dos resultados desportivos – atividades que o deixam como o segundo atleta mais bem pago da atualidade: a lista da revista «Forbes» atribui-lhe (à data do passado mês de junho) ganhos de 71,5 milhões de dólares anuais (cerca de 52 milhões de euros), sendo ultrapassado apenas pelo golfista Tiger Woods.

A partir de agora, o suíço ainda não será um homem exclusivamente de negócios porque ainda é, primeiro do que tudo, um atleta em alta competição, mas os seus interesses que incluem a carreira desportiva já ficarão em exclusivo na sua gestão porque esta será feita por uma nova agência de representação que também é sua.

Como refere a notícia do jornal «The New York Times» sobre esta nova etapa do tenista suíço, ele será neste momento um cliente da agência e não um parceiro ativo, mas a agência foi criada em parte para dar a Federer uma plataforma para quando ele se retirar. Como declarou Tony Godsick ao «NYT» fazendo um ponto da novidade revelada: «Eu posso vender o Roger bastante bem, mas ninguém o vende melhor do que ele próprio.»

A Team8 é uma extensão de algo que já existe a ganhar terreno à medida que a presença nos courts tender a desaparecer. Roger Federer é já um homem com várias atividades, a maioria das quais como fonte de rendimento. Quase 90 por cento daqueles 50 milhões de euros de ganhos são de patrocínios e outros contratos que excluem o dinheiro ganho na competição desportiva (os restantes 10 por cento). Federer tem atualmente, por exemplo, 10 patrocinadores oficiais, vários deles multinacionais e para os quais já participou em muitos anúncios.



Um dos patrocinadores dos equipamentos desportivos já lhe deu um logótipo próprio dentro da marca fazendo lembrar o que foi começado com Michael «Air» Jordan – outro atleta bem sucedido na forma empresarial Federer não é o primeiro nem será o último a tornar-se homem de negócios (ainda antes de terminada a carreira de alta competição).

Oscar de la Hoya tornou-se estrela do boxe ao ganhar 10 títulos mundiais em seis categorias diferentes. Entre as suas apostas como empresário, o norte-americano também é dono de uma agência de pugilistas. LeBron James, por exemplo, também faz valer o seu desempenho desportivo como muitos, mas os seus honorários com representantes dos seus direitos também já envolveram receber como pagamento uma participação no capital social do Liverpool.

Roger Federer é, no entanto, já visto entre o meio (dos agentes de representação) como no caminho do lendário golfista Arnold Palmer, cuja lenda começa como um dos melhores praticantes de sempre e se prolonga com o sucesso empresarial para além do desporto. Palmer tem sete marcas personalizadas que incluem atividades desde o marketing desportivo até clubes de golfe (e a sua construção), restaurantes ou automóveis.

Federer é porém, mais do que um atleta, mais do que um homem de negócios, também; o tenista suíço é conhecido pela sua filantropia, nomeadamente no apoio – como muitas figuras famosas – a ações de solidariedade e tendo criado a fundação Roger Federer com o objetivo de ajudar crianças desfavorecidas através de programas de educação em países do sul de África (e também na Suíça).



Foram vários jogos de ténis que Federer já organizou para ajudar vítimas de catástrofes naturais, como nos países do Índico ou no Haiti. O suíço embaixador da UNICEF teve o reconhecimento da fundação Laureus recebendo o prémio cada vez mais prestigiado quatro anos seguidos (2005-08) quando estava no auge da carreira desportiva.

Neste ano de 2013, o recordista como líder do rankig do tenis (302 semanas) nem sequer conseguiu chegar a uma final de um grand slam. Os ganhos em prémios monetários pelas participações em torneios ficaram pelos 2,3 milhões de euros – Rafael Nadal, o jogador que terminou o ano como nº 1 do mundo, ganhou mais de 10,5 milhões de euros. Federer já pensa no  arrumar da raquete enquanto ainda se mantém a jogar ao mais alto nível. E, por enquanto, os pontos que lhe deram o recorde de 17 grand slams ganhos são ainda o que mais presente está na cabeça dos adeptos do ténis.