Rubens Júnior esteve seis anos em Portugal, mas nunca conseguiu convencer totalmente, principalmente porque quando chegou ao F.C. Porto, em 1999, vinha rotulado de craque. As lesões e alguns rumores de que a sua vida extra-futebol não era a mais aconselhável, acabariam por prejudicar a sua imagem. Ciente dessa realidade, procurou regressar ao seu país, voltando a representar o Coritiba, clube onde passou os melhores momentos da sua carreira.
Em entrevista telefónica ao Maisfutebol, não teve problemas em reconhecer que o seu comportamento, principalmente no F.C. Porto, não foi o melhor, mas aproveita para alertar que a realidade não é bem como parece ser. Diz que «muitos jogadores saem à noite e não é por isso que são afastados», ilustrando o que se terá passado no seu caso pessoal. Explica, ainda, que não aceitou ser emprestado ao Marítimo esta época, porque sentia que já não poderia constituir novidade e isso seria prejudicial para o que resta da carreira.
No momento de fazer um balanço, Rubens realçou «momentos bons e menos bons», não tendo dúvidas que aprendeu muito «pessoal e profissionalmente». «Foi uma experiência muito válida, apesar de não me ter conseguido manter a alto nível durante muito tempo. De qualquer forma, acho que consegui agradar a muita gente, tentando aproveitar as oportunidades que me foram dando», vincou, lamentando o facto de ter tido algumas lesões.
Na sua opinião, o que terá corrido mal no F.C. Porto não foi a adaptação a um futebol diferente, mas a uma maneira muito própria de entender o fenómeno. «Tive algumas dificuldades em adaptar-me às normas do Porto. Quando se chega lá, tem de se trabalhar à maneira deles, sendo bom jogador ou não. Penso que esse aspecto pode ter atrapalhado, pois no Brasil dão mais espaço, desde que se jogue bem dentro de campo», admitiu. Depois de ter aprendido «com os erros», sente ter hoje em dia «uma mentalidade diferente», que já terá demonstrado na passagem pelo V. Guimarães.
Os rumores da noite
Rubens sempre foi acusado de gostar demasiado da noite e de viver nela, o que poderia prejudicar o seu comportamento em campo. Atacado pelos rumores, saiu queimado com a situação, como o próprio admite: «Fico triste, porque por vezes fui atacado de certas coisas que não fiz. Em muitas situações não tive culpa, mas por estar fragilizado, por ter lesões, fui sempre um alvo fácil. Sei que o Porto ajudou-me muito em termos financeiros e até pessoais, apesar de algumas coisas menos felizes, mas fico contente por poder ter esta oportunidade de jogar no Coritiba, porque continuo a fazer o que gosto, que é jogar futebol».
É importante, porém, perceber melhor este tipo de problemas vividos pelo jogador. Haveria algum tipo de divisão entre brasileiros e portugueses? «Se calhar, na altura, até poderia pensar que havia discriminação, mas sei hoje que isso não faz sentido, porque as pessoas só pensam em vencer. É o que deve acontecer agora, pois na minha opinião o grupo deve unir-se para que não haja diferenças», abordou, explicando que tem muitos amigos portugueses.
Voltando atrás e à questão das saídas à noite. Rubens não esconde o jogo. «Não sou santo, mas exageraram na dose. Se fossem a punir toda a gente teriam de mandar embora 80 por cento dos jogadores. Tenho uma quota parte de culpa e sempre assumi os meus actos, mas não era como as pessoas falavam. Sei que era mais fácil mandarem-me embora, por isso servi de exemplo durante muito tempo. Eu sabia disso, mas continuava a trabalhar, fui sempre profissional e nunca faltei a um treino», conta, lamentando este aspecto negativo da sua passagem por Portugal: «É lamentável quando acontecem estas coisas. No passado foi comigo, mas no futuro vai acontecer com outro e outro.» Palavra de enfant terrible.