O encontro com Juan Martin del Potro na segunda ronda do Estoril Open não apanhou de surpresa Rui Machado. Assim ditou o sorteio do quadro principal, assim ditou a vitória sobre o compatriota Pedro Sousa nesta terça-feira. Foram precisos três sets para chegar ao argentino, uma cabeça perdida por momentos e o conforto de um amigo.

«Tive as minhas oportunidades no primeiro set, praticamente estive sempre por cima, tive graves problemas a servir e chegou a um momento em que a minha lucidez perante as condições [o vento] era muito pouca e já nem sabia para onde lançar a bola. Pensei que estava no meio de um tornado.

Felizmente, foi pouco tempo, e parece-me que o Pedro nos sets seguintes também baixou fisicamente», admitiu Rui Machado, no final do encontro.

O português mais cotado do ranking, atual 90º mas já foi 59º (a melhor posição na história do ténis nacional), referia-se ao primeiro set, que perdeu por 6-7 (7-3 no «tiebreak). Recuperou nos dois seguintes, embalado por umas palavras no Facebook.

«Estava muito pouco lúcido [no primeiro set]. Lembrei-me sim, no princípio do segundo set, de uma conversa banal com um amigo, através das redes sociais, a dar-me força, pois não podia vir ao primeiro jogo. Disse-me que a única coisa que tinha a fazer era dar tudo e quando me olhasse ao espelho visse uma pessoa que tinha dado tudo. Naquele momento, não sei porquê, foi disso que me lembrei», contou.

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Não há registo de um encontro entre Rui Machado e Del Potro, mas o português não se sente intimidado com o estatuto do argentino.

«Vou tentar fazer o meu trabalho, é sempre difícil, já defrontei o Verdasco quando era 13º e o Fernando Gonzalez quando era 12º. Se ele [Del Potro] jogar muito bem e ganhar em dois/três sets..., mas não consigo pensar de outra maneira que não seja entrar em campo para ganhar», assumiu Rui Machado, para quem a conquista do Estoril Open «seria uma grande vitória» na carreira: «Nesta fase da época, com as dificuldades que tive no início do ano, tenho é de pensar jogo a jogo. Não estaria a ser sincero se pensasse em ganhar o torneio agora.»

Depois do torneio português, seguem-se dois challenger, em Roma e Bordéus, e um «grand slam», Roland Garros. Uma escolha diretamente relacionada com a ambição de qualificar-se para os Jogos de Londres. «Estamos em ano olímpico, como não costumo deixar de lutar no campo nem na vida, continuo com o sonho de ir a Londres. As coisas complicaram-se nos primeiros meses e não fosse ano olímpico jogava o qualifying dos masters de Madrid e Roma. Tenho 28 anos, se não jogar em Londres, a única opção é o Rio de Janeiro [2014]», adiantou, ainda.