Ricardo Sá Pinto, treinador do Sporting, depois da derrota diante da Académica (0-1), no Estádio Nacional, na final da Taça de Portugal:

[O que falhou hoje?]

«Também me pergunto isso. A equipa vinha de uma série de vitórias, com identidade de jogo, em todos os jogos. Inexplicavelmente, hoje não fomos o Sporting que temos sido, o Sporting que eu idealizo e aquele que me orgulhava de liderar. Estava à espera de uma equipa que fosse agressiva quando não tivesse a bola, dominadora quando a tivesse, infelizmente, apesar de termos tido mais posse de bola, de termos tentado, de uma forma ou de outra, provocar desequilíbrios no adversário, não conseguimos O que é certo é que permitimos alguns detalhes que podem ser decisivos numa final. Um golo aos três minutos condiciona alguma coisa, mas não justifica tudo. Devíamos ter tido mais paciência, devíamos ter sido mais agressivos sem bola e ter outra postura com bola. Faltou-nos ser a equipa que temos sido até agora. A Académica não foi superior o jogo todo, não, foi agressiva. Houve um detalhe que nos condicionou e que nunca mais nos libertou que foi o golo aos três minutos. Sofremos um golo numa transição, o que não é normal na nossa equipa, nem me lembro de termos sofrido um golo dessa forma. Os parabéns à Académica que criou as melhores oportunidades e mereceu vencer o jogo».

[Desiludido com os jogadores?]

«Estou desiludido, não acredito que não quisessem ganhar a Taça, para a maior parte deles seria o primeiro troféu. Devíamos ter sido mais rigorosos, como temos sido. Houve alguma apatia no subconsciente deles, quiseram todos dar o melhor, mas não da melhor forma».

[Os adeptos queixaram-se da arbitragem, também tem queixas?]

«Não vou falar da arbitragem a quente, sem observar e sem analisar. Acho que devíamos ter sido melhores. O Sporting não pode perder uma final contra a Académica de maneira nenhuma. Se perdesse diante de uma Académica mais forte, com muitas adversidades, poderia estar aqui a apresentar outras justificações. Mas em relação a esta derrota, assumo a responsabilidade, é uma tremenda desilusão para todos nós».

[Foi o último jogo da época, pode fazer um balanço? Está preparado para perder jogadores?]

«Sobre essas questões não vou comentar. Não é altura para se fazer avaliações, falar sobre entradas ou saídas. Hoje é um dia de luto para a família sportinguista, é esse o meu estado de espírito, portanto não vou falar de outras questões».

[Tinha um plano B para depois do golo?]

«Temos vários planos, trabalhámos várias dinâmicas para uma ou outra adversidade que possam acontecer. Não estávamos à espera de sofrer um golo de forma tão prematura. A equipa tentou reagir, tentou chegar ao golo, mas não o conseguiu da forma como o desejávamos. A equipa teve um comportamento exemplar até esta final, teve várias vezes debaixo do resultado e soube reagir, soube empatar, dar a volta ao marcador, mas há jogos que não nos correm tão bem e fomos penalizados por isso. Quando não estamos bem, somos muito penalizados. Aconteceu em Bilbau e aconteceu hoje também. Hoje tivemos tempo para reagir, em Bilbau não tivemos. Os jogadores estão muito tristes, são os primeiros a sofrer com esta desilusão. O futebol é feito destas situações, mas também de resultados positivos. Recordo onze vitórias consecutivas em Alvalade, as meias-finais da Liga Europa, grandes jogos na liga. Portanto, acho que a equipa percebeu hoje que se não estiver preparada para determinadas situações pode ser penalizada».