Ele tinha tudo para ser um dos heróis da Taça de Portugal, mesmo assim, e apesar da derrota do Esmoriz no terreno do Rio Ave, Rui Sacramento não escapa ao papel de figura primordial do jogo de Vila do Conde. Sim, ele evitou vários golos na sua baliza e realizou uma extraordinária exibição entre os postes, mas a explicação para tal distinção é outra e remete para o fundo das redes da baliza adversária: Sacramento marcou um golo com um pontapé que cruzou praticamente todo o relvado. De baliza a baliza. Facto que não é inédito nos relvados portugueses (lembram-se de Palatsi?), mas quase.
Curioso é que o próprio jogador mal festejou o golo. Por quê? A resposta é simples: «Não festejei porque comecei a perguntar aos meus colegas o que se tinha passado. Nem vi que a bola tinha entrado. Estava apertado pelo João Tomás e bati para aliviar a bola. Chutei para a frente e só depois ouvi toda a gente a gritar golo.»
Ex-pupilo de Fernández
Rui Sacramento confessa que nunca lhe aconteceu nada de semelhante, nem em treinos, e até acredita que este golo venha avivar a memória de alguns adeptos do futebol português. Este jogador formado no Leixões e no FC Porto, que tem 45 internacionalizações pelas selecções nacionais nos escalões jovens (até aos sub-20), já fez parte do plantel do FC Porto que venceu a Taça Intercontinental, em 2004/05, em plena era pós-Mourinho. Victor Fernández até o chegou a convocar para dois embates importantes dos dragões na Liga dos Campeões, frente ao Chelsea e ao CSKA de Moscovo, porém, a carreira deste matosinhense de 24 anos acabou por divergir dos grandes palcos. Passou três épocas no Atlético de Valdevez e uma no Gil Vicente. No último defeso até esteve prestes a assinar pelo Marítimo, mas não chegou a acordo e acabou por rumar a Esmoriz para não ficar sem competir. Terá valido a pena, quanto mais não fosse para ter a honra de marcar um golo que ficará como uma das páginas mais destacadas do seu livro de memórias.