Esta é a crónica de uma descida anunciada.

Na sexta-feira, antes de entrar em campo, o Santa Clara soube que ia voltar à segunda liga, após cinco épocas no principal escalão do futebol nacional, fruto da vitória do Marítimo diante do Vizela.

É o culminar de uma época desastrosa. Um Santa Clara descaracterizado. As mudanças na estrutura acionista, as alterações na política desportiva e a instabilidade no comando técnico estão entre os fatores decisivos para a descida de divisão do conjunto açoriano, que nas últimas cinco épocas tinha conseguido ficar sempre entre os 10 primeiros classificados.

No último encontro em casa da temporada apenas a honra estava em jogo. A honra e a busca de não terminar no pesaroso último lugar da tabela. Pela frente, o Portimonense, uma equipa confortável na classificação, que também já não luta por grandes objetivos.

Para a despedida da I Liga, um clima tipicamente açoriano, marcado por uma oscilação frenética entre um sol reluzente e uma chuva persistente.

Os açorianos quiseram deixar uma boa impressão perante os seus adeptos. Logo aos três minutos surgiu a primeira oportunidade de golo. Bruno Almeida apareceu na área, mas o remate foi desviado pela defensiva de Portimão.

Desde o início, o Santa Clara procurou assumir a iniciativa do jogo, dominando a posse de bola e explorando a profundidade para penetrar no último terço do adversário. Foi assim que conseguiram inaugurar o marcador aos 28 minutos. Matheus Babi arrancou do meio-campo, galgou pelo corredor direito e assistiu Andrezinho que desviou para o fundo das redes.

O Portimonense procurou várias vezes subir no terreno, mas apresentou dificuldades no último passe. Por sua vez, confortáveis no encontro, os açorianos mostravam facilidade em pisar terrenos perigosos.

Aos 33 minutos, foi Babi quem esteve perto de marcar, mas o cabeceamento saiu a centímetros da baliza. Antes do intervalo, aos 44 minutos, nova ameaça insular: Bruno Almeida, de livro direto, esteve muito perto do golo.

Ao intervalo, vantagem justa para o Santa Clara. A turma de Accioly a lidar bem com o contexto de pouca pressão.

Na segunda parte, o encontro baixou de ritmo. A partida tornou-se mais equilibrada e mastigada na zona central do terreno. O Santa Clara, ainda assim, continuou a dispor das melhores oportunidades.

Uma excelente exibição de Nakamura evitou males maiores para a equipa de Paulo Sérgio. Em destaque, o guardião nipónico evitou os golos de Jordão, aos 62, e de Babi, aos 64, com duas belas intervenções.

Quando não foi Nakamura a evitar o golo, foi o desacerto dos jogadores açorianos. Aos 77 minutos, após uma excelente triangulação, Gabriel Silva, isolado e com a baliza escancarada, fez o mais difícil e atirou ao lado.

Na fase derradeira, o Portimonense procurou subir no terreno e despejou bolas para a área numa tentativa esforçada de chegar ao empate. No último sopro do jogo, aos 95, Jordão, praticamente de baliza aberta, falhou o segundo tento dos insulares. O marcador não sofreu mais alterações. Os açorianos, no último jogo em casa, deixaram uma boa imagem. Dos Açores, com amor: eis a despedida da I Liga.