Primeira parte horrível, segunda metade perfeita. Três golos em 20 minutos anularam um arranque desastrado na Suíça e colocaram Portugal no bom caminho, rumo ao Euro2019. O último (golo) acabou por surgir já em cima do minuto 90, quando os helvéticos desesperavam na procura do empate.

Metamorfose absoluta, prenda de aniversário ajustada para o selecionador Rui Jorge. Tudo diferente, radicalmente diferente, depois do intervalo. A perder 2-0, Portugal alavancou uma tempestade de futebol e passou para a frente, com golos de Heriberto, André Horta e João Félix. 

De repente, como tantas vezes sucede no futebol, já quase ninguém se lembrava do erro enorme do guarda-redes Joel Pereira, logo a abrir, e da enésima falha de marcação numa bola parada, já perto do intervalo.

Dois lances que exemplificam a falta de concentração e adaptação de Portugal a um jogo que se complicou muito. 

FICHA DE JOGO DO SUÍÇA-PORTUGAL: 2-4

Pelo sintético, sim senhor, pela dinâmica e força física helvéticas, tudo ok, mas sobretudo por uma profunda desorganização lusitana: completamente inofensiva a atacar, sem os movimentos de receção/passe/movimentação que tão bem a caracteriza, e tremendamente permeável a defender. 

Mas tudo o tempo de descanso mudou. 

Rui Jorge nem teve de fazer substituições. Mal o jogo recomeçou, logo se percebeu uma disposição, uma convicção, uma afirmação diferentes. 

Os golos surgiram em catadupa e foram consequência dessa avalanche portuguesa, uma avalanche em forma de chocolate derretido.

Heriberto reduziu aos 49 minutos, aproveitando uma transição rápida e uma assistência de João Carvalho; André Horta empatou num bom remate de fora da área, ainda com um desvio num oponente; e João Félix fez o 2-3, após livre batido por Diogo Gonçalves na direita. 

Em cima do minuto 90, com a Suíça em desespero no ataque, Gil Dias arrancou sozinho da linha do meio-campo e fechou as contas com um chapéu perfeito. Chapeau, caro Gil. 

Portugal é muito superior à Suíça e, objetivamente, a primeira parte que fez não é aceitável. No segundo tempo, já na sua melhor versão, a equipa arrancou para uma reviravolta soberba e mostrou que tem material mais do que suficiente para estar no Europeu do próximo ano.

Nota final para a lesão de Rafael Leão, aparentemente muscular. Má notícia para Portugal e o Sporting.