A FIGURA: Cristiano Ronaldo

O caminho de Ronaldo para mais uma noite de glória ao serviço da Seleção Nacional começou de bicicleta. Que pontapé aquele a inaugurar o marcador logo aos 3’! Cristiano é insaciável e contra um adversário acessível continuou a sua cavalgada em busca de só mais um golo, só mais um recorde. Aos 29’ bisou, na conversão de uma grande penalidade, e aos 65’ concluiu o seu hat-trick. Pelo meio, ainda assistiu William (58’), que fez o terceiro golo. Passo a passo Ronaldo vai fazendo história. Esta noite, chegou ao 78.º golo pela Seleção A, ultrapassando Pelé (77 pelo Brasil). Está agora a apenas seis golos de igualar Puskas como melhor marcador de sempre em seleções europeias. Pode até começar a tratar de encurtar distâncias na visita à Hungria. Coincidências.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VISTA AO MINUTO

PORTUGAL - UM A UM

Rui Patrício. O último dia de agosto parecia apropriado para Patrício tirar uns minutos de férias, mas amiúde os faroenses deram algum trabalho. Não havia como travar aquele remate de Baldvisson aos 38’.

Cédric Soares. Um pêndulo. Acima e abaixo o lateral direito de Portugal foi carrilando boa parte do jogo da equipa das quinas. Teve algumas boas iniciativas pelo seu corredor.

Pepe. Pouco trabalho para o central agora do Besiktas. Quando foi chamado a intervir, aí estava ele, seguro, resolvendo as tímidas tentativas do adversário.

José Fonte. Teve uma noite quase tranquila. No entanto, acabou por ser surpreendido no golo das Ilhas Faroé, já que Baldvisson apareceu no seu raio de ação.

Eliseu. Um cruzamento, dois, três, muitos. O lateral esquerdo de Portugal tentou por várias vezes fazer chegar a bola à área adversária. Esteve seguro a defender e interventivo no ataque.

William Carvalho. Regresso à competição com um golo e uma exibição muito segura diante de um adversário que não causou grandes problemas nas transições. Marcou o 3-1 aos 58’ e a partir daí Portugal tranquilizou.

Bernardo Silva. A espaços mostrou classe. Quando tem um palmo de terreno, Bernardo faz a diferença. Quando não o tem, inventa. Foi assim aos 3’, na assistência para Ronaldo inaugurar o marcador.

João Moutinho. Um dos mais esforçados e influentes no terreno. Com duas linhas de adversários pela frente, Moutinho tentou encontrar espaços ao meio ou, quando não era possível, derivando o jogo para os flancos. Quando foi preciso recuperou a bola e foi eficiente nas transições. Saiu aos 73’ com um merecido aplauso.

João Mário. Um drible aqui, outro ali, e algumas trocas de flanco com Bernardo em jeito de abre-latas da defesa adversária. Quando foi preciso encurralar um pouco mais o adversário, Fernando Santos trocou-o por Quaresma, a meia-hora do fim.

André Silva. Noite de desinspiração para o avançado do Milan. Se Ronaldo brilhou a grande altura, André esteve apagado. Se na primeira parte era mais difícil de arranjar espaço na defesa faroense do que numa cabine telefónica, na segunda os falhanços foram-se sucedendo, como aconteceu aos 53’, num desvio fraco na pequena área, após assistência de Ronaldo.

Ricardo Quaresma. Entrou e a casa quase vinha abaixo. Algumas boas iniciativas pelo flanco direito, mas foi sobretudo quando derivou para o eixo mais central que criou perigo maior.

André Gomes. Entrou para substituir o fatigado Moutinho e cumpriu.

Nélson Oliveira. Dois anos depois, voltou à Seleção e... marcou pela segunda vez na sua carreira (o último e único golo por Portugal havia sido há cinco anos, num particular frente ao Panamá). A cinco minutos do final sentenciou o 5-1 final. Regresso feliz.

PORTUGAL-ILHAS FAROÉ, 5-1: crónica do jogo

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ILHAS FAROÉ

Dez homens atrás da bola e Sorensen ou Edmunsson, à vez, a tentarem segurar a bola lá junto ao meio-campo. O jogo das Ilhas Faroé parecia resumir-se a isto. Uma monotonia. Até que aos 38’ apareceu Baldvinsson a encher o pé e rematar de primeira para o fundo da baliza portuguesa, para delírio dos locutores da TV das Ilhas Faroé (mesmo por trás da nossa equipa de reportagem) e de duas centenas de adeptos forasteiros que vieram ao Bessa. O defesa de 27 anos que joga na Noruega fez história: pela primeira vez as Ilhas Faroé marcaram um golo a Portugal (depois do 0-6 nesta fase de qualificação e 5-0 num particular, em 2008). Bem merece o destaque individual.