Que venha de lá essa fase final do Euro2017! Ainda faltam quase sete meses, mas a equipa de Rui Jorge, que não perde um jogo oficial há cinco anos, está mais do que preparada para voltar a atacar o título europeu depois de há dois anos ter caído nas grandes penalidades diante da Suécia de Lindelof. Esta sexta-feira, no Estádio do Bonfim, diante da República Checa, outro dos finalistas do Europeu, a seleção portuguesa mostrou, pelo menos na primeira parte, que já está bem afinada, com uma grande mobilidade no ataque e uma forte consistência a defender.

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Mesmo sem algumas das «pedras» principais no onze inicial, os pupilos de Rui Jorge deixaram claro que jogam quase de olhos fechados, com uma dinâmica assinalável, tanto nas transições ofensivas, como nas defensivas, com toda a equipa em constante movimentação, tanto a criar desequilíbrios no campo adversário, como a fazer compensações para equilibrar a defesa.

Com Rúben Neves e João Carvalho mais fixos no miolo, à frente a defesa, a seleção portuguesa abria-se depois para um trio – composto por Podence, Bruno Fernandes e Bruma – no apoio a Carlos Mané, o avançado que tem estado a encantar no Estugarda e que esta noite mostrou-se mais uma vez inspirado no ataque português.

O sistema português entrava facilmente em contraste com o clássico 4x4x2 dos checos que sentiam tremendas dificuldades para anular a mobilidade dos portugueses no ataque. Um «carrocel» em deixava os checos com a cabeça à roda, com os laterais a entrarem na dança, com especial destaque para as investidas de Fernando Fonseca pela direita, a permitir a Podence pisar zonas mais interiores.

Uma mobilidade que, por vezes, parecia caótica, mas que se organizava rapidamente para defender, com rápidas recuperações de bola. Portugal já estava instalado no meio-campo checo quando, aos quinze minutos, chegou o primeiro golo. Passe em profundidade de Edgar Ié, desvio de cabeça de João Carvalho já na área a destacar Mané que, com um toque subtil, desviou a bola do caminho de Zima. A bola foi devagarinho para a linha fatal, mas acabou por entrar.

As oportunidades sucederam-se, com um Portugal de remate fácil, tanto da direita, com Podence, como pela esquerda, com Bruma, e, quinze minutos volvidos, novo golo de Mané. Simulação de Podence no meio-campo a deixar caminho aberto para Fernando Fonseca fugir, mais uma vez, pela direita e cruzar tenso para a entrada de Mané. Mais uma vez a bola mostrou-se relutante em gritar golo, mas Mané deu uma ajuda.

Foi o último golo consentido por Zima que, pouco depois, lesionou-se e deu a vez a Vejmola que mal teve tempo para aquecer e já estava entre os postes para defender uma grande penalidade a punir uma falta de Havel sobre o imparável Fonseca. Bruno Fernandes fez o terceiro e, quando Portugal parecia estar a caminhar para uma goleada, a República Checa reduziu a diferença, mesmo antes do intervalo, com um grande golo de Tomas Soucek. Remate seco de fora da área, com a bola a bater no poste e a entrar do lado contrário, com Varela preso ao relvado, sem hipóteses de defesa.

Checos equilibram e Portugal perde ritmo

O ritmo quebrou inevitavelmente na segunda parte, por mais que não seja, pelas muitas substituições que Rui Jorge foi promovendo. Três ao intervalo e outras três pouco depois, que permitiram aos irmãos Horta, André e Ricardo, voltarem a jogar juntos. Uma oportunidade também para os adeptos, quase sete mil, muito jovens, verem em ação mais algumas «estrelas» da liga portuguesa, com destaque para Gonçalo Guedes, um dos mais aplaudidos da noite. Mas a verdade é que Portugal, com tantas alterações, não conseguiu recuperar o ritmo que exibiu na primeira parte, diante de um adversário que também entrou determinado a virar o jogo.

Uma partida que ficou mais partida, com os checos a conseguirem equilibrar a contenda na zona central e a conseguirem maior profundidade no ataque. Portugal conseguiu manter o equilíbrio defensivo, mas com menos magia na frente de ataque. Ainda assim, um bom teste que, agora, vai ter continuidade, já na próxima terça-feira, com mais um teste difícil frente à Holanda.