Aos 28 anos (nasceu em Angola a 24 de Junho de 1972), Cabral esteve hoje em foco. Não por mais uma exibição de bom nível, mas pelas consequências que vários jogos de destaque lhe proporcionaram: o interesse do Benfica e a chamada à selecção nacional. 

A escolha feita por António Oliveira, que surge na sequência da lesão de Rui Jorge, e o mais que provável ingresso no Benfica são o corolário de um percurso até agora discreto. Do Vianense, então na III Divisão, passou para o Joane, corria a época de 93/94. Melo era o treinador da equipa minhota. E esse foi o ano de uma progressão importante na sua carreira -- de Joane (III Divisão) transferiu-se para o Tirsense.  

Se fosse hoje, essa mudança não implicaria um progresso muito significativo, mas a verdade é que nessa altura (já lá vão seis anos...) a equipa de Santo Tirso estava na mó de cima. Muitos ainda se lembram da temporada que o Tirsense fez em 94/95, então dirigido por Eurico Gomes.  

Apesar de não ter sido aposta de Eurico na equipa principal ao longo dessa época, o facto é que Cabral deve ao então treinador do Tirsense a atitude de ter ido buscar um jovem jogador a um clube da III Divisão. 

Depois da experiência em Santo Tirso, Cabral voltou aos escalões secundários: Vizela (II Divisão B, 95/96), de novo o Tirsense (96/97, já na Divisão de Honra), Aves (Divisão de Honra, 97/98) e Belenenses (98/99 na Divisão de Honra). O regresso ao escalão principal dá-se, então, em Belém, com a subida do clube da Cruz de Cristo à I Liga, no início da época passada.  
 

O primeiro jogador que passou pelo Joane chamado à selecção... 

Domingos Silva, o presidente do Joane (hoje e à data da passagem de Cabral pelo clube), guarda boas recordações do jogador: «Só posso dizer bem do Cabral. Quando cá esteve, era ainda um jovem futebolista, que vinha do Vianense. É um bom rapaz, tem juízo e é aplicado». O dirigente recorda que Cabral tinha muitos amigos no clube, destacando os nomes dos jogadores Paulo Miranda (hoje no Fafe), Germano e Leal.  

Foi através do Maisfutebol que Domingos Silva soube da notícia de que Cabral foi chamado à selecção. O dirigente recebeu com agrado a novidade: «Fico muito contente por saber isso. É uma notícia que me enche de orgulho porque será, com toda a certeza, o primeiro jogador que passou pelo Joane a representar a selecção nacional». 

Para o líder deste clube da III Divisão Nacional (série A), o sucesso de Cabral não surge por acaso: «Já nessa altura se notava que era um jovem com ambições, mas aos mesmo tempo com muita humildade. Sempre tive com ele uma boa relação, ainda neste Verão estivemos juntos». 
 

«A sua entrega é inexcedível», diz Caetano  

Um dos companheiros de Cabral no Tirsense, no «tal» ano de ouro da equipa de Santo Tirso, foi Caetano. Afastado precocemente dos relvados, Caetano recorda ao Maisfutebol essa época: «É preciso ver que o Cabral era muito jovem quando passou pelo Tirsense. Tínhamos uma equipa fabulosa e ele quase não teve oportunidades. Mas já na altura se via que era um jovem promissor». 

Para Caetano, a grande qualidade de Cabral é a sua «entrega ao jogo». E confia também na capacidade de progressão do eventual reforço do Benfica: «É um jogador com grande margem de evolução. Ao longo dos anos tem evoluído bastante e julgo que ainda poderá progredir ainda mais. Por isso, acredito que poderá singrar no Benfica». 

A aposta de António Oliveira em Cabral ¿ para o lugar do lesionado Rui Jorge -- não surpreendeu Caetano: «Julgo que é merecida essa chamada. Não me surpreende, porque conheço António Oliveira e sei que não tem medo de fazer esse tipo de apostas». 
 

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