Sérgio Conceição continua sem paciência para certos comentários à forma como a Académica joga. Na conferência de antevisão da partida desta segunda-feira, em Coimbra, com o Estoril, o jovem técnico começou por destacar as palavras de Henrique Calisto sobre os vários tipos de autocarros. Depois, falou de patos e cisnes. Sempre em defesa da sua dama.

«Organização defensiva não é sinónimo de autocarro. Aliás, esse, depende da cor. Esteve muito bem o Calisto. Se é um autocarro italiano, é fantástico, é uma estratégia fabulosa. Agora, se for preto já é de uma equipa que pensa no empate», atirou o treinador da Académica, este domingo.

Mais adiante, outra bicada, ainda a propósito do jogo da primeira volta. «O patinho feio vai jogar contra o belo cisne, mas, se ganharmos, ficamos a dois pontos do cisne», relembrou, novamente acerca do que se escreveu na altura sobre o encontro.

Feito o enquadramento crítico do jogo, Conceição não escondeu o soco no estômago que foi a saída da Taça de Portugal, mas está convicto de que o revés não irá afetar a equipa para a partida desta segunda-feira.

«São provas diferentes, sabíamos que era importante ganharmos, mas já passou. Vamos concentrar-nos só no campeonato. É sempre melhor trabalhar sobre uma vitória, mas não foi possível. O futebol é um recomeçar constante, sempre que se termina um jogo, já pensamos no próximo», sintetizou, aproveitando ainda para revelar como ficou o grupo:

«Naturalmente desiludido, frustrado. Penso que a primeira parte foi mais do Rio Ave, mas a segunda foi nossa, poderíamos ter marcado, mas um lance infeliz ditou o nosso afastamento. Houve desilusão, mas é normal, é bom até, porque demonstra que os jogadores sentiram que tinham expetativas.»

Demonstrar o verdadeiro caráter da equipa

Agora, a missão passa pelo ansiado golpe de asa. «É importante demonstrar o verdadeiro caráter desta equipa, querermos o mais rápido possível atingir os 30 pontos, daí que seja um jogo muito importante», garantiu, antes de elogiar o adversário:

«É a equipa mais forte fora de casa depois de Benfica e Sporting, e a segunda com mais golos marcados extramuros. Tem processos bem definidos, jogadores muito rápidos, que desequilibram com facilidade. Sebá não joga? É um jogador de qualidade, e é sempre melhor para o treinador que os tem poder utilizá-los, mas não mudará muito, há outros de características semelhantes. O ADN da equipa não vai mudar por isso.»

Com um posicionamento mais próximo dos lugares europeus do que da zona de descida, a Académica está a meio caminho entre dois possíveis objetivos, mas o treinador não se deixa eludir.

«A nossa motivação é chegarmos o mais depressa aos 30 pontos, que dá a segurança que o primeiro objetivo da época é cumprido, o resto logo se vê. Sabemos que está tudo muito equilibrado. O V. Setúbal, por exemplo, esteve em 12º, mas, com duas vitórias seguidas, já está à nossa frente. Acho que este ano os 26 pontos não chegam.»

«Nós olhamos sempre para cima, mas as pessoas têm de ver que, amanhã, vem cá uma equipa que jogará assumidamente para conseguir os três pontos. O objetivo deles é a Europa, têm jogadores e, se calhar, orçamento para isso. Nós não temos responsabilidade, nem queremos pensar nisso, e não é bluf», finalizou, aludindo ainda a equipa como Sp. Braga ou V. Guimarães, como outros dos «verdadeiros» candidatos às provas da UEFA.