O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) denunciou esta segunda-feira um caso dramático de um jogador do Varzim a quem foi retirado o salário, a casa e o direito a alimentação. Joaquim Evangelista, presidente do SJPF, pediu que o diretor desportivo do clube da Póvoa fosse banido do futebol.

Max, defesa brasileiro, de vinte anos, chegou a Portugal no início da temporada, com a promessa de um salário de 2.500 euros mensais, tendo acabado apenas por assinar um contrato até final da temporada em que teria apenas direito a 500 euros líquidos por mês. «Não gostei do que aconteceu mas queria muito jogar em Portugal e por isso aceitei. Tinha também alojamento, alimentação, assistência médica e viagens pagas», contou o jovem jogador na sede do SJPF.

O jogador ainda recebeu em setembro e em outubro, mas depois uma lesão afastou-o dos relvados e o pesadelo começou. «Fui proibido de treinar com a equipa principal e em janeiro convidaram-me para ir embora. Ofereciam-me a viagem de regresso ao Brasil e 200 euros e eu não aceitei. Ameaçaram que me prejudicavam a carreira e não jogava em mais lado nenhum. Na semana passada deixei de poder comer no restaurante do clube e obrigaram-me a entregar a chave de casa», contou.

Joaquim Evangelista considera que «além de um atropelo à lei laboral», este é um caso de «desumanidade». «O Max foi proibido de se alimentar no restaurante à custa do clube, como está acordado, e foi obrigado a sair de casa. Não é só uma questão desportiva, é uma questão humana», destacou o representante dos jogadores que lamenta ainda que o clube tenha «ignorado as necessidades humanas que uma pessoa que está em Portugal sozinho e sem família».

«Pessoas deste tipo têm que ser banidas do futebol»

Joaquim Evangelista aponta o dedo a Alexandre Vilacova, antigo jogador do Varzim que agora é diretor desportivo do clube. «Pessoas deste tipo têm que ser banidas do futebol. Custa-me ainda ver que este episódio é protagonizado por um ex-jogador e com este comportamento. No futebol português também é preciso cantar o Grândola, Vila Morena. Precisam de ouvir a música, entender a música e arrepiar caminho a bem ou a mal», frisou Evangelista.

Contactado pela TVI, Alexandre Vilacova, defende que o jogador tinha um «contrato amador» e era, nas contas do clube, «uma atleta caro. «Por isso é que se chegou a um acordo, quanto à desvinculação, em janeiro, até que veio o Silvester Stalone, o justiceiro do futebol português, o senhor Evangelista, que quer tudo menos resolver a situação», destacou.

Entretanto, Max, com o apoio do Sindicato, rescindiu com o Varzim e deverá regressar ao Brasil ainda esta semana. «Tenho seis irmãos que dependiam do meu salário. Vou voltar para o Brasil pior do que estava quando vim para Portugal. Gostava de cá continuar, mas é impossível, nem tenho condições psicológicas», lamentou o jovem jogador.

O Sindicato avançou com uma queixa judicial contra o Varzim para que o clube pague os salários que Max alegadamente teria direito.