O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) quer discutir com o Governo o que classifica como um conjunto «estranho» de mortes que têm ocorrido no futebol português e abordar assuntos que «não são falados publicamente».
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato, afirmou esta terça-feira que vai pedir uma reunião com o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias. Evangelista falava no final das cerimónias fúnebres de Hugo Cunha, jogador do U. Leiria falecido sábado depois de se ter sentido mal quando jogava futebol com amigos.
«Vamos tentar abordar o problema de forma sensata, mas não vale a pena continuar a evitar discutir os problemas importantes para o futebol português. Este é um deles», disse o dirigente sindical, citado pela Lusa, defendendo que se comenta «muita coisa que não é dita publicamente, mas sobre a qual importa reflectir», sem especificar ao que se referia.
Além do caso de Hugo Cunha em Portugal aconteceram em ano e meio mais duas mortes súbitas de jogadores, as de Miklos Feher e Bruno Baião. O presidente do Sindicato defende que «não pode continuar a haver mortes de jovens jogadores e não se fazer nada». «Está a acontecer algo que ultrapassa a razoabilidade dos exames médicos», afirma, insistindo que «estes casos anormais devem ser analisados». «Não é por acaso que a FIFA, de repente, vem exigir uma série de exames médicos para o Mundial de 2006», acrescentou.
No domingo, a FIFA anunciou que vai exigir certificados médicos a todos os jogadores participantes no Mundial-2006, com indicações que excluam, entre outros, riscos cardíacos. A FIFA pretende o registo dos exames cardíacos feitos pelos jogadores e as conclusões dos especialistas em cardiologia, na eventualidade de problemas diagnosticados, bem como de anomalias cardíacas congénitas.
O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, admitiu segunda-feira que a reestruturação do apoio médico-desportivo, na sequência do trágico desaparecimento de Hugo Cunha.