O clássico foi um grande jogo de futebol.

Emoção, intensidade, ocasiões de golo, duas equipas destravadas e a bola frequentemente perto das balizas. Os corações a saltar. A turbulência de se achar que pode acontecer qualquer coisa qualquer altura. O futebol no seu estado mais puro, portanto, a fazer-nos lembrar Inglaterra: nem sempre bem jogado, nem sempre tecnicamente belo, mas dinâmico e irreverente.

Sérgio Conceição e Bruno Lage tentaram meter água na fervura, tentaram recuperar o jogo para o seu controlo, tentaram enfim torná-lo mais tático: o Benfica fez entrar Gedson para travar o ímpeto de Corona, o FC Porto respondeu com Bruno Costa para fortalecer a luta a meio campo.

Mas este clássico nasceu com o diabo no corpo. Sem pudor, insolente, louco. Nada o amansava. Sobravam erros a dar velocidade ao encontro e espaços para explorar numa cadência admirável.

Depois do Sporting-FC Porto de há duas semanas, precisávamos de um jogo assim para nos reconciliarmos com o que o futebol português tem de mais requintado: os clássicos.

No fim, e independentemente do resultado, os adeptos devem estar felizes: viveram na pele uma noite para recordar. E isso, meus caros, é o que o futebol nos pode dar melhor.

Foi um grande jogo, foi um grande clássico.

Achar que o que fica desta noite é outra coisa qualquer, é uma falta de respeito para com o futebol. É, portanto, dispensável. Porque o essencial é isso: foi uma barrigada de futebol.

Obrigado por isso.