A defesa de Castro Neves, antigo responsável pelo departamento de futebol do Gondomar Sport Clube, requereu esta manhã ao tribunal que não admitisse o depoimento de Carolina por «falta de idoneidade», além de representar «um factor de perturbação do apuramento da verdade material».

Num requerimento particularmente incisivo, Pedro Alhinho, que é também advogado da irmã-gémea Ana Maria Salgado, pediu ainda que, a ser aceite o depoimento, o tribunal deferisse a junção de cópia de um atestado médico de psiquiatra apresentado pela testemunha noutros processos, já no ano de 2008. Isto para «efeitos de valoração e da livre apreciação do depoimento a produzir», justificou.

Apito: Carolina ouvida em julgamento

O causídico aludiu ainda ao facto de se tratar de uma pessoa «a quem não são conhecidos meios de fortuna pessoal, actividade profissional ou rendimentos do trabalho, compatíveis com a vida pública de ostentação regularmente divulgada pelos órgãos de comunicação social».

Depois de classificar a testemunha como uma pessoa «com um apetite desenfreado pelo protagonismo pessoal e pelo exibicionismo», o causídico referiu ainda que «por razões não completamente públicas» Carolina «tem servido a estratégia de um sector do Ministério Público que protagonizou marcadamente o renascimento dos Apitos Dourados, causando públicos engulhos na estrutura e na hierarquia da corporação», aludindo expressamente à reabertura pela Equipa de Coordenação do Apito Dourado de processos anteriormente arquivados. Processos em que a testemunha surge, diz, como «providencial prova das acusações deduzidas» pela Equipa de Maria José Morgado.

«Premiada com arquivamento do caso Bexiga»

Pedro Alhinho frisou ainda que a «autora confessa» do crime contra Ricardo Bexiga foi «premiada com o arquivamento» do referido processo.

«Independentemente da bondade ou ruindade da fundamentação» do arquivamento, o advogado refere que o Povo «em nome de quem a justiça é aplicada» questiona «a rozoabilidade destes tratamentos processuais tão distintos».

Em resposta, o procurador referiu que o depoimento de Carolina não representa um meio de prova proibido, acrescentando, ainda, que «o tribunal saberá valorar o depoimento da testemunha, dona Carolina Salgado». O juiz deferiu a inquirição da testemunha com os mesmos argumentos.

«Está de mal com alguém»?

«Está de mal com alguém?», começou por perguntar o juiz à testemunha, referindo-se aos arguidos do processo, tendo a autora de «Eu, Carolina» referido que «não». Questionada, a pedido do advogado de Valentim, se tinha conhecimento de uma queixa-crime por falsas declarações de Valentim contra ela, a testemunha voltou a responder que «não».

Antevendo declarações polémicas, o advogado João Medeiros, que representa o principal arguido do processo (José Luís Oliveira), já tinha pedido no início da audiência ao tribunal para nesta sessão manifestar especial cuidado em não deixar as testemunhas extravasarem o objecto do processo «sob pena de transformar a sessão num Eu, Carolina versão Gondomar».