Actuais e antigas personalidades ligadas à Polícia Judiciária (PJ) e à investigação criminal juntaram-se quinta-feira num jantar-debate para discutir e procurar soluções para o que consideram ser a «crise profunda» que a instituição vive actualmente, escreve a Lusa.

Reunidos num restaurante no Campos dos Mártires da Pátria, em Lisboa, as 16 personalidades ligadas ao sector estiveram de acordo em relação à crise que assola a PJ, criticando a «gestão economicista» da instituição e a falta de protecção do Ministério da Justiça aos profissionais daquela polícia.

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«Falta capacidade de resposta, dinheiro para combustível e para informadores, para material informático, para a polícia científica. Andamos ao sabor das preocupações do primeiro-ministro e da comunicação social», afirmou Francisco Moita Flores, ex-investigador da PJ e presidente da Câmara Municipal de Santarém.

«Mais vale fechar a PJ para obras»

Moita Flores criticou ainda a lei orgânica da PJ, a repartição da investigação criminal pela PSP e GNR que tem um software diferente e não permite trocar informação, assim como as prioridades da investigação criminal que, afirma, «senão mudarem, mais vale fechar a PJ para obras».

O actual investigador da PJ e presidente da Associação Sindical dos Funcionários da Investigação Criminal da PJ, Carlos Anjos, apontou a «falta de protecção dos investigadores» e os «ataques profundos à PJ que criam graves problemas à instituição», assim como a «gestão de poupança que tem sido dramática» para a investigação criminal.

O ex-director geral da PJ Lourenço Martins criticou ainda as recentes reformas no Código Penal e de Processo Penal, questionando se «as pessoas que as fizeram terão noção dos custos e do impacto de mudar frequentemente as leis» e a falta de indepêndencia dos seus dirigentes que «podem ser mandados embora a qualquer momento».

Por sua vez, Marques Vidal, ex-director geral daquela Polícia, afirmou que a PJ tem de aceitar reformas na Investigação Criminal «mas nunca à custa da sua eliminação».