Esta é a posição de várias fontes policiais ouvidas pelo PortugalDiário que lamentam o facto de as testemunhas «ou não abrirem a boca» ou então apenas contarem «meia história».
«Não basta apontar fulano X ou Y como suspeito. É preciso explicar a história toda: com quem se desentenderam, quando e por que motivos», exemplificou uma fonte policial ouvida, acrescentando quem as testemunhas também têm quase sempre «rabos de palha».
Sem «prova consistente, não conseguimos chegar a uma condenação», referiu a mesma fonte. Ilídio Correia, segurança morto a tiro em Miragaia, a 29 de Novembro, apresentou uma queixa-crime na PJ por ameaças de morte, mas, segundo soube o PortugalDiário, nunca esclareceu integralmente a história das guerras com o chamado «grupo da Ribeira».
Testemunha não conseguiu falar à frente de «Berto Maluco»
De resto, são vários os exemplos de processos relacionados com o mundo da noite que acabam com absolvições, ou condenações por crimes menores, porque as testemunhas chegam a julgamento e não têm coragem de falar.
Uma fonte judicial recordou ao PortugalDiário, o julgamento de «Berto Maluco», condenado a seis anos de cadeia por agressão a soco, que terminou com a morte de um cliente da discoteca «Number One», em Fevereiro de 2001.
«A testemunha entrou na sala e chorava copiosamente. Disse que não conseguia falar em frente do arguido e da respectiva assistência. Foi preciso evacuar a sala para que abrisse a boca».
Outra fonte judicial exemplifica com o julgamento de António Quicanga, segurança e antigo pugilista do Boavista, condenado, em Julho deste ano, a 18 meses de prisão, com pena suspensa por dois anos.
Quicanga estava acusado por dois crimes de homicídio tentados, em 2005, em casas nocturnas e ginásios. Acabou condenado por posse ilegal de armas e ofensas à integridade física.
O colectivo entendeu que não ficou provada a intenção de matar, mas apenas a de ameaçar. Várias testemunhas «deram o dito por não dito».
Leia a primeira parte deste artigo Porto: «Um dia matam-me»
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