Em declarações à agência Lusa, o psicólogo clínico Manuel Moutinho considera que uma separação repentina de uma criança dos pais afectivos compromete o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade.
«Vai prejudicá-la. Até porque no limite não vai entender que este pai e esta mãe [afectivos] que estiveram com ela até agora não a conseguem proteger e, no limite, sejam eles a entregá-la a outra pessoa, ainda que essa pessoa seja o pai biológico», disse.
Segundo Manuel Moutinho, por muito que se explique a uma criança de cinco anos o que é uma decisão judicial, esta nunca a irá entender.
«A criança nunca vai conseguir do ponto de vista emocional entender. Esta criança e outras que passam por estas situações acabam por ficar tristes, inseguras, depressivas, desconfiadas e com sentimento de angústia associado à perda», disse.
Por estas razões, o psicólogo clínico e docente universitário defende que neste caso, como noutros semelhantes, o pai biológico deveria, pelo afecto que manifesta ter pela filha, ceder de forma a que a criança possa estar mais tempo com a família afectiva até uma idade em que compreenda melhor a decisão.
«Posteriormente, numa idade mais tardia, a criança já terá defesas suficientes para compreender o que lhe está a acontecer», disse.
Durante esse período, adiantou, o pai biológico, que tem a decisão judicial do seu lado, poderá avançar para uma conquista afectiva da filha para que, no futuro, ela possa coabitar com ele.
«Temos de ter todos muita cautela quando estamos a tomar decisões pelas crianças», disse.
Na opinião de Manuel Coutinho, as crianças deviam também ser ouvidas para que seja assegurado o seu bem-estar físico e psíquico.
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