O presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ) classificou esta sexta-feira como «disparatadas» as declarações do bastonário da Ordem dos Advogados sobre a dependência daquela polícia do Governo, considerando que revelam desconhecimento, escreve a Lusa.

O bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, disse quinta-feira num debate na Figueira da Foz que a PJ «não está na dependência do Ministério Público», mas sim na do Governo, que financia e fiscaliza, sendo um órgão do Ministério da Justiça que nomeia as hierarquias.

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«É o maior disparate alguma vez dito», disse hoje à Agência Lusa Carlos Anjos da ASFIC/PJ, adiantando que as declarações revelam um «desconhecimento absoluto» da forma como funcionam a PJ e o Ministério Público.

O presidente da ASFIC/PJ explicou que é um facto que é o Governo quem nomeia as hierarquias da PJ, mas que «não tem nem nunca teve» qualquer interferência nos processos.

Carlos Anjos, que não se mostrou surpreendido com estas declarações de Marinho Pinto, sublinhou que elas foram proferidas pela mesma pessoa que «imputou» à PJ ter decapitado a direcção do Partido Socialista no âmbito do processo Casa Pia.

A investigação neste processo, recordou, foi conduzida por uma equipa especial nomeada pelo Procurador-geral da República, à época Souto de Moura.

«Em Portugal ninguém fez nada»

«Se fosse num outro país provavelmente já se teria pedido ao bastonário responsabilidades pelas afirmações que fez. Em Portugal ninguém fez nada», disse Carlos Anjos, afirmando não entender qual o objectivos dos «ataques sistemáticos» de Marinho Pinto à Polícia Judiciária.