Eram pouco mais de uma centena, mas fizeram-se ouvir. Concentrados em frente à Câmara Municipal do Porto, lugar habitualmente escolhido para estas «lutas», os alunos do ensino secundário protestaram contra a actual política da educação. Exigem o fim dos exames nacionais, das aulas de substituição, da privatização das escolas, do estatuto do aluno, a melhoria das condições das escolas e a disciplina de educação sexual.



Como as dezenas de jovens que esta quarta-feira se manifestaram, outros, noutras alturas, já o fizeram e pelos mesmos motivos, mas isso não desmoraliza os protestantes. «Sabemos que não há milagres e que as coisas não vão mudar só por causa desta manifestação, mas este é o caminho e são precisas muitas estaladas na cara do Governo para que as nossas reivindicações sejam ouvidas», disse ao PortugalDiário Nicole Santos, de 15 anos, aluna da Escola João Gonçalves Zarco.

Com mais dois anos e repetente nestas andanças das manifs, Maria João, estudante da Escola Secundária de Rio Tinto, recorda que «temos que fazer alguma coisa, senão para nós, para os que nos seguirão.

Assim, venceram o frio que esta manhã assolava a cidade do Porto e vieram para a rua «dar voz aos estudantes», sempre sob o olhar atento de cerca de dez polícias. Os slogans, gritados em palavras de ordem ou escritos nos cartazes que empunhavam eram claros: «exames nacionais, nunca mais», «educação é um direito», «a educação não é um negócio». E as «estaladas na cara do Governo» tinham alvos específicos: «a luta continua, ministra para a rua» ou «substituição, só a da ministra» eram dois dos slogans mais usados, além do «mentiroso, mentiroso», que gritavam sempre que o nome do Primeiro-Ministro era pronunciado.



«Somos muitos, muitos mil para continuar Abril

«Somos muitos, muitos mil para continuar Abril», a frase escrita num dos cartazes causou alguns comentários de desagrado por parte de pessoas mais velhas que iam passando. «No 25 de Abril, lutávamos por causas a sério», dizia um idoso entredentes. «Nem de Abril e nem sequer mil são», disse outro transeunte.

«Não somos mais por causa da repressão que se sente no país», disse ao PortugalDiário Nicole Santos. «As pessoas têm medo de estar aqui».

Para Maria João a causa é outra, «estamos no segundo período, há muita gente que está tapada por faltas».

Mas os que estavam fizeram-se ouvir. Primeiro na Avenida dos Aliados e depois durante uma marcha até às instalações da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), onde voltaram a manifestar-se.