Sócrates, antigo internacional brasileiro, que integrou a selecção «dos sonhos» no Mundial-82, não deposita grandes esperanças na actual equipa de Dunga, um dos adversários de Portugal, e considera mesmo que a «canarinha» pode nem sequer passar a primeira fase.

«Não estou gostando do Brasil. Estou extremamente preocupado. Acho que o Brasil está muito mal fisicamente neste momento. Acho que vai ter dificuldade de passar a primeira fase. Isso não quer dizer que não tenha condição de ganhar», destacou o antigo capitão, irmão de Raí, na África do Sul onde está a divulgar um projecto social relacionado com a educação.

Sócrates defende que Argentina, Inglaterra, Holanda e Espanha são, à partida, os favoritos. A Argentina, se o Maradona conseguir montar um time para o Messi; a Inglaterra, se o Rooney estiver bem; a Holanda, se o Robben estiver bem; e a Espanha, que tem um grande time, mas precisa de alguém de destaque», referiu, deixando o Brasil de fora. «O estilo do futebol brasileiro hoje é uma agressão à nossa cultura. Está voltado para a competitividade, que é uma coisa que não tem nada a ver com a gente. A nossa cultura é extremamente liberta, criativa, voltada para o talento individual, para a habilidade», referiu.

«Mas o futebol está feio. Não há mais espectáculo, não há mais arte. É só uma correria desenfreada, muito contacto físico. Existem ainda grandes jogadores que decidem. Hoje, muito mais do que há 40 anos, as equipas dependem de uma estrutura colectiva, mas têm que ter alguém que se destaque», acrescentou. Nesse sentido, Sócrates destaca algumas ausências entre os eleitos de Dunga, como Ronaldinho, Neymar, Ganso, Alex e Pato. «Acho que ele [Dunga] talvez tenha optado por jogadores que sejam mais fáceis de manipular», referiu.

Mais do que futebol, Sócrates espera que o Mundial sirva para chamar a atenção para os problemas de África. «Espero que, pelo menos, o mundo se dê conta dos problemas africanos, principalmente dos países da zona equatorial. A grande vantagem de se realizar um Mundial aqui é tentar levantar as questões da realidade africana para que o desenvolvimento chegue aqui de uma forma mais agressiva», destacou.