A lesão de Janko Tipsarevic veio baralhar bastante as previsões e colocar (ainda) mais dúvidas sobre o desfecho da Taça Davis deste ano. O tenista sérvio contava estar apto para o último grande torneio do ano, mas – ao contrário das (melhores) previsões que apontavam para a recuperação de uma lesão no pé – acabou mesmo por ser substituído na véspera de começar a final.

República Checa e Sérvia vão jogar a final da 101ª edição da prova por equipas e se os anfitriões sérvios se apresentavam como fortes candidatos a ganhar o título aos atuais detentores, agora, as dúvidas aumentaram – e muito. A Sérvia teve de substituir o nº 36 do mundo Tsiparevic pelo nº 117 para os encontros de singulares – a 115 lugares de diferença do seu melhor jogador, o nº 2 mundial, Novak Djokovic.

O hiato é grande e passou a equilibrar bastante mais as diferenças de cotação, pois, agora, os checos Tomas Berdych (nº 7) e Radek Stepanek (nº 44) cabem de forma confortável naquele intervalo. Dando crédito aos favoritos para cada encontro nos singulares, o encontro de pares, no sábado, ganhou então uma importância suplementar, pois é onde o fiel da balança pode ser conquistado por um dos lados – pela maior imprevisibilidade (teórica) quando ao resultado.

Nole nos pares?

A importância do encontro de pares ganhou tal peso após o abandono de Tipsarevic que o capitão da seleção da Sérvia, Bogdan Obradovic, equaciona colocar Novak Djokovic no par que vai defrontar a dupla checa. Mas isso significa desfazer a dupla que conseguiu vencer nos quartos de final o par nº 1 do mundo, os norte-americanos Bob e Mike Bryan. E obrigar Nole a jogar os três dias seguidos pode trazer consequências negativas pelo lado físico...

A República Checa também teve uma baixa física na sua seleção e esta ainda mais imprevisível, pois uma embolia pulmonar obrigou o capitão Jaroslav Navratil a ficar no seu país - mesmo que Navratil já esteja em condições de transmitir as suas indicações é Vladimir Safarik que está a comandar a equipa checa. Neste momento, a tática anunciada não coloca Berdych e Stepanek a jogarem no sábado com vista não só ao 15º encontro vitorioso em 14 disputados para Taça Davis como, sobretudo, por toda a importância que essa vitória pode ter para manter o troféu de 105 quilos de peso mais um ano entre os checos.


A Sérvia joga em casa e apresenta-se com a seguinte equipa: Novak Djokivic, Dusan Lajovic, Ilija Bozoljac e Nenad Zimonjic. O capitão é Bogdan Obradovic .


A República Checa apresenta-se com a seguinte equipa: Tomas Berdych, Radek Stepanek, Lukas Rosol e Jan Hajdek. O capitão é Vladimir Safarik.

O quadro de jogos está neste momento alinhado desta forma:

Sexta-feira:
Djokovic (Sérvia)-Stepanek (Rep. Checa)
Lajovic (Sérvia)-Berdych (Rep. Checa)

Sábado:
Bozoljac/Zimonjic (Sérvia)-Hajek/Rosol (Rep. Checa)

Domingo:
Djokovic (Sérvia)-Berdych (Rep. Checa)
Lajovic (Sérvia)-Stepanek (Rep. Checa)



Logo se vê como os capitães decidem a partir do segundo dia. Nesta altura está garantida a abertura com um encontro Djokovic-Stepanek. O sérvio apresenta-se com uma série de 22 encontros seguidos a ganhar, que incluem quatro torneios (Pequim, Xangai, Paris e o Masters em Londres na última segunda-feira). Stepanek tem uma missão muito difícil para contrariar o super-favoritismo do nº 2 mundial, que está a jogar em casa.

Djokovic ganhou em 2013 todos os encontros (15) que disputou em hard court. Uma delas foi precisamente contra Stepanek, no Open da Austrália, numa das oito vezes em que venceu o checo. Stepanek só conseguiu bater o sérvio uma vez e já lá vão sete anos. Aos 34 anos, um dos maiores trunfos do nº 44 do mundo é a experiência.

No outro encontro do dia de abertura, as posições invertem-se para os dois países, com o desnível ainda maior entre adversários. O maior trunfo de Dusan Lajovic é ser um perfeito desconhecido para Tomas Berdych – um trunfo reconhecido por ambos os jogadores: o sérvio a procura do efeito-surpresa; o checo sem saber o que esperar – apenas sabe que o nº 117 vai jogar pela primeira vez um encontro a cinco sets e que neste ano perdeu todos os encontros disputados no tour ATP.



Na Arena de Belgrado, a Sérvia vai tentar conquistar a segunda Taça Davis da sua história, depois de tê-lo conseguido em 2010. A República Checa ganhou no ano passado (depois do primeiro título em 1980 enquanto Checoslováquia) e tem oito vitória seguidas na competição indo jogar aquela que será a terceira final em cinco anos.

O fenómeno Djokovic vai estar a jogar em hard court perante o seu público. E se a Sérvia ganhar a Taça Davis, muito terá sido (seguramente) devido ao seu papel. Os checos sabem disso, são experientes, e apontarão armas ao que não possa ser controlado pelo nº 2 do mundo. No sábado, talvez já se possa ver para onde começam a pender os pratos da balança. Só a pender. Porque, em 2013 – sem (enormes) surpresas – o vencedor será conhecido no domingo.