Foi feliz o regresso do Sp. Braga ao campeonato. Domingos ganhou a Carlos Brito (1-0), num jogo de confirmações. O Sp. Braga confirmou a candidatura, pelo menos, ao quarto lugar. O Rio Ave confirmou-se como uma das boas equipas deste campeonato. A prova de que não são precisos grandes orçamentos para se fazerem boas equipas. E com nove portugueses em onze. Não fosse o mau arranque de temporada, por exemplo, e Carlos Brito poderia estar hoje a ombrear com equipas mais calejadas em voos altos. A avaliar pelas amostras recentes, não seria difícil de acreditar.

O Sp. Braga, no entanto, mandou no jogo, diga-se. Empurrado pela onda de euforia que vinha de um Municipal bracarense que foi crescendo, crescendo até quase encher, a equipa minhoto queria celebrar a preceito o feito de Liverpool. Convidou a família, abriu o recinto e mostrou vontade. Alan deu o primeiro sinal logo aos dois minutos. Seria um aviso ambíguo: precavia a fome dos «arsenalistas» e, ao mesmo tempo, o desacerto. O próprio Alan, que teve mais dois lances de cabeça que poderiam dar golo, foi o expoente máximo.

Mas houve mais. Em dois minutos, por exemplo, duas bolas no ferro. Primeiro para o Rio Ave. Na primeira verdadeira hipótese que dispôs, João Tomás desviou de Artur, mas não do poste. Na resposta, Paulão atirou para a trave. Noite de azar para o central brasileiro, protagonista do lance mais caricato do desafio, quando, já na segunda parte, deixou sair pela linha de fundo, propositadamente, um lance que poderia dar golo. Há coisas inexplicáveis. Esta foi uma delas e o próprio Paulão percebeu-o logo de seguida.

Mas não se pode avançar para o segundo tempo sem passar por um lance capital. No último suspiro antes do intervalo, João Tomás ficou na cara de Artur e caiu. Seria penalty e expulsão. Hugo Miguel transformou tudo isto num amarelo por simulação, iludido pela queda teatralizada.

Viana rebenta com a invencibilidade

O Sp. Braga resistia com base nesse erro e ganhava forças para o assalto decisivo. Poderia ter vindo mais cedo, por duas ocasiões. Na primeira valeu Jeferson a evitar que Paulo César festejasse. Na segunda foi outra vez o poste a ganhar protagonismo. Alan ia desesperando.

Passaram dez minutos e o Rio Ave marca. Falso alarma. Fora-de-jogo milimétrico mas existente de Braga. Gastaram-se outros dez...e veio a festa. Hugo Viana, que já estava a ser dono e senhor do futebol bracarense a meio campo, lançou um míssil. Nas bancadas lançaram-se os foguetes. A bola ainda sofreu um ligeiro desvio em Gaspar, suficiente para trair Paulo Santos, mas não para mudar a autoria e, sobretudo, o mérito. É de Hugo Viana a história do jogo.

O golo matou as aspirações do Rio Ave. Brito ainda trocou os extremos, refrescando a frente e procurando um contra-ataque milagroso. Mas o golpe tinha sido forte demais. Terminava a série invicta do Rio Ave. Não sem, antes, ser batido outro recorde. O de minutos sem sofrer golos na Liga. O marco anterior datava da temporada 81/82 e situava-se nos 534 minutos. Agora, passou os 600.

O Sp. Braga sobreviveu a um desafio complicado e está, provisoriamente no quarto lugar. Ainda tem um jogo a menos. Juntou o quarto, aos «quartos» conquistados em terras britânicas. Se a época terminasse agora, já seria de glória. Até lá, há mais batalhas para os «guerreiros do Minho».