Em entrevista ao programa «Rui Santos em Campo», da CNN, o presidente do Sp. Braga recordou a saída de Ruben Amorim do Sp. Braga para o Sporting e também as saídas, já depois disso, de Paulinho também do emblema minhoto para os leões.

«Como adepto e sócio do Sp. Braga, obviamente que não gosto disso. Como presidente e gestor de um clube com estabilidade, cumpridor com as suas obrigações, obviamente que no momento de o Sporting ou outro clube avançar, o que tenho de fazer é defender os interesses do Sp. Braga. E foi isso que o Sp. Braga fez na questão do Ruben Amorim», começou por responder António Salvador após ser questionado sobre o facto de os arsenalistas serem vistos como o principal «fornecedor» do atual campeão nacional nos últimos anos.

O dirigente do Sp. Braga disse que a saída de Amorim era inevitável, até porque, vincou, era esse o desejo do treinador a partir do momento em que soube que o Sporting estava disposto a pagar a cláusula de rescisão estipulada em 10 milhões de euros. «Houve uma primeira abordagem do Sporting e foi liminarmente recusada e nem houve conversa. Eu disse que não havia condições nenhumas de negociação. Passaram-se três semanas, [Frederico Varandas] voltou à carga e disse-me que iria pagar o valor da cláusula. Eu informei o Ruben Amorim da primeira conversa, disse-lhe que queria renovar contrato com ele e que contava com ele para um projeto porque tinha a consciência de que o Sp. Braga poderia fazer na época seguinte uma grande época.»

António Salvador elogiou a lisura de Amorim, que terá dito estar de corpo e alma no Sp. Braga, mas também que se o Sporting estava disposto a «bater» a cláusula de rescisão, o desejo dele era também aceitar essa oportunidade. «Aí, nem eu poderia fazer mais nada. (...) Quando tenho um treinador pela frente a dizer-me: 'Eu estou aqui há um mês e meio, tenho um clube que lhe dá os 10 milhões que está a pedir pela cláusula de rescisão. O que estou a pedir é que aceite nem que seja negociar. O clube está a pagar tudo o que está no contrato e eu quero ir embora'. Estas foram as palavras do Ruben Amorim. Não havia condições para o Ruben Amorim continuar em Braga», rematou sobre o tema.

O presidente do emblema minhoto falou depois sobre a saída de Paulinho para Alvalade, no mercado de inverno da época 2020/21. Recordou que o Sporting já tinha tentado contratar o avançado no verão anterior, mas que foi possível segurá-lo. «Passou meia época com o Carlos Carvalhal e teve rendimento zero. Fez dois golos. Não havia condições para continuar e o que o Sp. Braga fez foi defender os interesses do clube. A transferência do Paulinho é uma transferência recorde em Portugal: o Sp. Braga já tinha feito a transferência recorde do Rafa para o Benfica e a do Paulinho ainda bateu a do Rafa, que foi 17 milhões. As pessoas têm de perceber que em determinados momentos, num clube com a dimensão do Sp. Braga, não é possível segurar os atletas», vincou, lamentando aquilo que diz ser a má distribuição de receitas que existe no futebol português e que impede que os outros clubes se aproximem dos chamados grandes em termos competitivos.

Na mesma entrevista, António Salvador disse ainda não estar dececionado com o trabalho de Carlos Carvalhal à frente do Sp. Braga, apesar de reconhecer que a equipa tem estado aquém das expetativas no campeonato e devia ter ido mais longe nas taças. «Tem feito um trabalho fantástico», apontou, garantindo que o contrato de dois anos do treinador é para cumprir.