Poucos acreditavam que Sporting e Sp. Braga conseguissem repetir o espetáculo da Taça de Portugal, mas a verdade é que as duas equipas voltaram a proporcionar um jogo de elevada qualidade, com os leões a virarem o resultado com três golos na segunda parte depois de terem chegado ao intervalo a perder por 0-2. A equipa de Alvalade acaba a primeira volta destacada no primeiro lugar com uma demonstração clara que está mesmo determinada a lutar pelo título. Depois da vitória sobre o FC Porto, que permitiu o regresso à liderança, a equipa de Jorge Jesus goleou no Bonfim e fechou esta primeira volta de forma espetacular, com uma sensacional reviravolta que deixou Alvalade ao rubro. É assim que se fazem os campeões.

Confira a FICHA DO JOGO
 
Mas que grande jogo em Alvalade, não nos cansamos de repetir, com as equipas a manter a mesma intensidade que já tinham demonstrado no jogo da Taça de Portugal, mas com uns leões, apesar de agressivos, pouco eficazes na primeira parte, e uns minhotos que mantiveram a mesma ousadia, com um elevado grau de eficácia antes do intervalo. A equipa de Paulo Fonseca acreditou depois que ia conseguir defender a vantagem, mas a formação de Jorge Jesus nunca baixou os braços e acabou mesmo por virar o jogo com três golos sem resposta na segunda parte. Mais emocionante do que isto não podia ser, pelo menos do ponto de vista leonino.
 
Jorge Jesus manteve a confiança no mesmo onze que na quarta-feira tinha goleado o Vitória no Bonfim, enquanto Paulo Fonseca mudou meia equipa em relação à formação que tinha vencido em Coimbra. O jogo começou com uma elevada intensidade, de parada e resposta, com oportunidades nas duas balizas à vez. O primeiro sinal até foi do Braga, logo a abrir o jogo, com Djavan a cruzar da esquerda, corte incompleto de Paulo Oliveira e Wilson Eduardo a atirar ao lado. O Sporting respondeu de imediato, com rápidas combinações e, numa delas, João Mário chegou a marcar, mas Slimani tinha destacado o médio em posição irregular.


 
O Braga jogava aberto de igual para igual, mas não conseguiu manter a intensidade por muito tempo e, aos quinze minutos, já os leões estavam por cima do jogo, com uma pressão alta que obrigou os minhotos a recuar. Uma pressão sustentada no bom posicionamento de William e Adrien e nas constantes movimentações de João Mário que abria espaços e rasgava a defesa minhota. O número 17 estava endiabrado e quase abriu o marcador depois de uma rápida combinação com Adrien. Valeu ao Braga a mancha de Kritsyuk e corte de Baiano. Pouco depois nova oportunidade flagrante para o Sporting, depois de um fenomenal passe de Bryan Ruiz a levar Slimani até à área. O argelino tentou bater Kritsyuk com um chapéu elegante, mas o guarda-redes do Braga não se deixou enganar.

Era o melhor período do Sporting, com o Braga sem homens suficientes para travar tantas invasões. Bryan Ryuiz também ficou a centímetros do primeiro golo depois de mais um cruzamento apimentado de João Mário, tal como Paulo Oliveira que, na sequência de um canto, aplicou uma potente cabeçada que levou a bola a bater no poste e em Kritsyuk sem entrar na baliza. Alvalade sustinha a respiração.

Balde de água fria antes do intervalo
 
Quando parecia que era o Sporting que estava perto do golo, foi o Braga que marcou. E por duas vezes (!). O primeiro numa jogada de insistência na área do Sporting. Baiano ganha uma bola em carrinho e Wilson Eduardo atirou de primeira, sem hipóteses para Patrício. Foi o primeiro golo do antigo avançado do Sporting na Liga, mas não festejou por respeito ao antigo clube. Logo a seguir, mais um golo, perante a passividade gritante da defesa leonina. Pedro Santos abriu na direita para Baiano que, por sua vez, assistiu Rafa na zona central. O médio, com toda a calma do mundo, passou por Paulo Oliveira com facilidade e bateu Patrício como quis. Balde de água fria para as bem preenchidas bancadas de Alvalade [mais de 42 mil adeptos] que, depois de verem o Sporting por cima do jogo, chegaram ao intervalo a perder por 0-2.

Confira os destaques do jogo
 
Jorge Jesus não esperou para ver e, logo a abrir a segunda parte, lançou Gelson Martins para o lugar de William e o extremo entrou muito bem no jogo, dando vida a ala direita, com rápidas combinações com João Pereira. Uma, duas, três investidas e grande penalidade para o Sporting, com André Pinto a cortar com o braço mais um cruzamento de Gelson. Adrien não falhou na marca dos onze metros e devolveu o ânimo às bancadas e, sobretudo, à equipa que voltou a carregar com intensidade diante de uma Braga cada vez mais recolhido. Jorge Jesus aproveitou o embalo para lançar Montero, enquanto Paulo Fonseca, em movimento contrário, prescindia dos avançados para reforçar o meio-campo.

Alvalade ao rubro
 
O Sporting montou o cerco e o Braga defendia agora com duas linhas à frente da sua área. O Sporting carregou e voltou a pedir uma grande penalidade quando uma bola foi ao encontro do braço de Ricardo Ferreira, mas desta vez Jorge Sousa mandou seguir. Os leões mantiveram a pressão e acabaram mesmo por chegar ao empate, num grande lance de Montero que, depois, de controlar um remate de Jefferson, atirou a contar para enorme explosão de alegria em Alvalade. Nada estava perdido, pelo contrário.
 
Só depois do empate é que o Braga tentou voltar ao jogo e ainda provocou alguns calafrios, valendo aos leões duas oportunas intervenções de São Patrício, mas a verdade é que era o Sporting que continuava mais empolgado na procura da vitória, agora com uma equipa visivelmente partida, com quatro elementos bem destacados na frente. Tantas vezes foi o cântaro à fonte que o ansiado golo acabou mesmo por chegar, da forma mais previsível, diga-se. Cruzamento teleguiado de Bryan Ruiz para cabeçada plena de determinação de Slimani que, nas costas de Vukcevic, desta vez, atirou a contar.

Alvalade explodiu em festa. Épico. A perder por 0-2 ao intervalo, o Sporting conseguiu dar a volta ao resultado e fecha, assim, a primeira volta com a moral em alta para atacar a segunda.

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