Sai Paulo Sérgio, José Couceiro muda de lugar, desce da tribuna para o banco.

Nada que me surpreenda, clube e treinador estavam numa situação impossível.

Sobre Paulo Sérgio, existiam até agora duas posições mais ou menos extremadas: tem muita culpa ou não tem culpa nenhuma.

Do meu ponto de vista, o treinador tem responsabilidade na situação da equipa (não do clube, são coisas diferentes), que não apresenta princípios de jogo básicos e equilíbrio. E isso não é culpa do presidente. Paulo Sérgio encontrou uma conjuntura difícil (o que era previsível quando aceitou o lugar) e não conseguiu fugir da onda. Não faz dele um mau treinador, apenas um treinador que encontrou algo maior do que ele.

Mas é evidente que a estrutura directiva do Sporting tem a maior percentagem de responsabilidade na má época, somando decisões incompreensíveis, com evidente dano para o clube.

A última sucedeu esta manhã. Não se manda embora um treinador na véspera de um jogo. Sobretudo um treinador a quem no dia 23 (sim, na quarta-feira) se tinha manifestado «total confiança». Isto destrói a credibilidade, confunde os jogadores, mistura os valores e obviamente desilude os adeptos.

A ideia que dá é que o Sporting não está a ser gerido. Ponto. O Sporting é uma sucessão de eventos, sem coerência identificável.

Não digo isto por José Couceiro ser uma má opção para o banco. Digo-o por suceder agora, desta forma e por siginificar a negação de tudo o que ficou para trás.

Couceiro foi contratado para um cargo que, acredito, era necessário criar e preencher com uma pessoa daquele perfil. Por baixo estava um director desportivo e, naturalmente, um treinador. Escassas semanas depois, o director-geral afinal já nem é assim tão importante (e eu acho que é, sobretudo numa fase em que «não há» direcção) e o clube está disponível para expor uma pessoa que foi contratada a pensar em qualquer outra coisa.

Couceiro até pode conseguir motivar os jogadores do Sporting e terminar a época com dignidade, hoje o único objectivo. Mas não voltará a poder ser director-geral.

O Sporting precisa mesmo de encontrar uma ideia e dar a si próprio tempo e paz para a concretizar.