A figura: Adrien


Cresceu. Mas cresceu para um ponto em que tem de ser olhado sem desconfiança, a julgar pelo dérbi desta noite. Adrien encheu o relvado e se procura o melhor em campo, ele aqui está. Olhando para o passado, era protagonista nas camadas jovens, e havia quem lhe perspetivasse um futuro brilhante. Adrien foi adiando esse futuro, houve uns lampejos do que podia ser, tanto em Alvalade como na Académica, mas é este encontro, frente ao rival Benfica que pode ser o ponto de partida definitivo para uma carreira de alto nível. Se o Sporting se superiorizou ao rival, foi porque teve um médio inteligente como Adrien a ocupar espaços, a roubá-los ao adversário e a fazer a equipa girar e girar. Não é tão vistoso como um driblador, mas o futebol também se faz de talentos assim: que pensam melhor que os outros e que passam a ideia para os pés. Apoiou William Carvalho, tabelou com André Martins e Montero e, com moral em alta, teve rasgos de um número 10 talentoso, com toques preciosos. Se houve muito mais verde no dérbi, foi por causa de Adrien, que ninguém duvide.


Outros destaques


André Martins


Fundamental na estratégia leonina para atacar o Benfica. A quantidade de vezes que surgiu nas costas de Cortez, com Wilson a recuar, teriam sido indicação prévia ao dérbi. Faltava ver, assim, a execução. André Martins foi sempre muito rápido a aparecer no espaço vazio e a desposicionar Garay, que vinha em socorro. Rápido nos pés como um Lucky Luke no gatilho, combinou quase sempre de primeira, e bem, com os colegas a meio-campo e permitiu ao Sporting fugir da pressão encarnada. Mas voltemos àquelas incurssões. O Sporting era veloz quando ganhava a bola e, num desses lances, André Martins apareceu na ala direita para servir Montero para o 1-0, num passe em que demonstrou inteligência, pois percebeu a movimentação do colombiano. Uma assistência e um jogo em cheio do camisola 8, sempre a acompanhar Adrien: jogam de olhos fechados?


Jefferson


Salvio pode ter saído por lesão, mas a verdade é que o argentino esteve muito longe do que costuma fazer. Pode estar mal fisicamente, mas Jefferson ganhou-lhe quase todos os lances. A defender, portanto, esteve bem e foi fulcral, pois, antes da partida, seria um ponto a explorar pelos encarnados. Melhor esteve quando subiu no flanco. Ou seja, as características do seu futebol bem expostas no relvado do José Alvalade. Fez vários cruzamentos e entendeu-se com Carrillo, mesmo que tivesse de o servir de longe, como aconteceu, para o peruano ganhar as costas a Maxi Pereira.


Montero


Dez minutos no primeiro dérbi lisboeta da vida e já estava a marcar. Posicionamentos à parte, Fredy Montero percebeu onde havia espaço para rematar, surgiu nas costas da defesa encarnada e foi fatal como era o Levezinho nesta coisas. Um remate, um golo. Que mais se pode pedir a um ponta de lança em jogo de tamanha importância? Mas Montero foi mais do que isso. Se nos primeiros tempos parecia não se adaptar a jogar sozinho na frente, a rotina deixou-o bem mais à vontade e, por isso, soube sair da marcação, e jogar com o resto da equipa. Tem uma mobilidade incrível e isso atrapalhou não só Garay como também causou dúvidas na cabeça de outros defesas e médios encarnados.


Rui Patrício


Outra vez gigante na baliza, mas com menos número de intervenções em relação aos últimos anos. Isso é mais sinal de crescimento da equipa do que Patrício, que evitou o golo do Benfica mais cedo com duas defesas enormes. A primeira a remate de Markovic e a segunda, de imediato, a tentativa de Rodrigo. Reagiu como um felino aí e foi seguro como sempre.